Hippies sobre duas rodas: o conselho deles é que as pessoas viajem

Apucarana, no norte do
Paraná, é uma das 10 maiores cidades do Estado, com mais de 120 mil
habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Para Bruno Claudino e Welliton Rodrigues no entanto, Apucarana é
pequena demais. Na realidade, nem o Paraná é suficiente para acomodar a vontade
insaciável de viajar.

Com visuais que chamam a
atenção, falas tranquilas e vários objetos pendurados no pescoço e no pulso,
ambos compartilham a mesma opinião sobre a vida. Ela deve ser aproveitada a
cada dia.

Apesar de estarem juntos e
serem amigos de longa data, os dois viajam sozinhos, geralmente sem rumo. Vou
para onde tenho vontade, declara Claudino, conhecido mais como ‘Cartucho’ do
que pelo próprio nome, aliás.

Enquanto ele percorre as
estradas do Brasil com sua CG 125, Welliton vai de Belina. Daquelas bem judiadas
com o tempo mesmo, mas que sobretudo, aguenta o tranco. Nela carrego tudo.
Panela, fogão, remédios, mantimentos, barraca, comida… Além da Tina e do
Toledo, é claro, explica, referindo-se aos seus dois cães.

Rota

Desembarcaram em Laranjeiras
no início da semana e já foram embora. Não conseguimos ficar parados, diz
Cartucho. Nesse período, ficaram hospedados na casa dos amigos Neli e Ayrton
Sterza, que conheceram nas idas e vindas da vida. Eles sempre nos recebem
muito bem quando passamos por aqui, agradece o viajante.

Ainda na Cantu, visitaram o
alagado em Rio Bonito. É uma maravilha, define Welliton. Ambos garantem que
já percorreram todos os 27 estados do país e destacam nestas andanças, as
diferenças entre cada região. O Brasil é tão grande que nem parece que é só um
único país. As culturas são completamente diferentes. Muda muito de um lugar
para o outro, diz Cartucho, citando as praias do nordeste e a floresta
amazônica como os destinos mais lindos que já visitou. Mas na verdade, cada região
tem sua beleza própria, completa.

Saíram de casa ainda quando
adolescentes e desde então, a casa virou o Brasil inteiro. Quando tinha 16
anos, fiquei com muita vontade de conhecer as praias. Então peguei minha
bicicleta e fui numa viagem de cinco dias, relembra Cartucho. Daí em diante
não parei, complementa.

O próximo destino é o Rio
Grande do Sul. Quero muito ir para Chuí, última cidade brasileira do Sul do
Brasil. Dizem que lá tem uma placa com os dizeres. Aqui é o fim do mundo,
comenta Cartucho. Já Welliton é mais ousado. Tô pensando em ir pra África. As
praias de Moçambique são incríveis, fala.









Saudade

As viagens no entanto, tem
seus preços. E a mais cara é a saudade. Não prometo pra minha mãe quando vou
voltar, mas quando volto, é uma sensação inexplicável. E quando saio de novo,
já bate a saudade, comenta Welliton. Mais sempre estamos em contato, seja
pelo WhatsApp, pelo Facebook ou por ligação, explica.

Para conseguir dinheiro, os
dois fazem artesanatos. Chaveiro na madeira, colar, pulseira, pintura, chapéu,
filtro dos sonhos, enfim, de tudo, declara Cartucho, que aprendeu a arte com
amigos ainda na adolescência, assim como Welliton.

Para passar a noite, contam
com o companheirismo de amigos que fazem pelo país à fora e com a colaboração
dos postos de gasolina. A amizade é a coisa mais legal de tudo isso. Ainda
existe muita gente de bem nesse mundão, fala Welliton.

Já para encerrar a
entrevista, preferiram deixar uma mensagem reflexiva. As pessoas nascem,
crescem e morrem no mesmo lugar. Não conhecem o mundo, as vezes nem as cidades
vizinhas ou a própria cidade. Muitos nos chamam de ‘hippies’, loucos, entre
outras coisas. Mas a vida é algo importante demais para desperdiçarmos. O que
eu falo é: viajem, encerra Welliton.