“Às vezes, paciente chega bem e no dia seguinte piora e o caso evolui para óbito”
A enfermagem, como área da Saúde, tem sido uma das profissões mais relevantes para a sociedade desde o início da pandemia. A atividade desses profissionais em busca de prevenção ao novo coronavírus e no processo de reabilitação dos pacientes é fundamental. Diante desse contexto, os enfermeiros estão na linha de frente das ações que visam aplacar a propagação do vírus,
Desde março de 2020, as pessoas vivem – ou pelo menos deveriam viver – reclusas. Sem esportes com presença de público, shows de música ou festas e reuniões entre amigos e familiares.
Essa adaptação é um desafio para todos, afinal nem muitos conseguem encarar psicologicamente bem o isolamento. Só que, imagine que além de tudo isso, você esteja trabalhando diretamente com a pandemia, expondo-se ao risco máximo de contágio. É o dilema enfrentado por médicos, enfermeiros e outros profissionais.
A região da Cantu tem, notadamente, sofrido mais com a pandemia em 2021. Os números de casos e mortes foram intensificados e já superam o total alcançado em todo o ano passado.
Os amigos entre as vítimas
Como se não bastasse a exaustão com a rotina atual – que exige mais -, os profissionais da linha-de-frente travam contato direto com os pacientes contaminados e chegam a ouvir súplicas daqueles que estão em estado grave.
“Está sendo difícil, tenso, triste e cansativo. Antes os contaminados, os óbitos, eram de rostos desconhecidos, agora são amigas de trabalho. Aí você vê o pessoal que não se cuida, tendo em suas mãos a escolha de se contaminar ou não. Esses podem estar amanhã transmitindo para os seus ou nossos familiares mesmo”, revela a auxiliar-técnica Roseli Lima, que trabalha no Instituto São José, local onde estão instalados os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Laranjeiras do Sul. É ali onde são internados os pacientes em estado crítico – e que em alguns casos não resistem.
Drama da vida real
Roseli não tem contato com os internados na UTI, mas acompanha os pacientes que ficam internados na enfermaria. “É angustiante, pois os pacientes estão passando mal, outros precisam de UTI, que sempre está lotada. Mas fazemos tudo o que está ao nosso alcance”.
A mudança de rotina
Mãe, esposa e avó, Roseli viu sua vida mudar drasticamente nos últimos 12 meses. O dia a dia no Instituto São José é outro. “Antes tínhamos o hospital cheio, mas sabíamos que a maioria ia ficar bem. Hoje trabalhamos dobrado, e com um vírus que não estamos sabendo como reage em cada um. Às vezes, o paciente chega bem e no dia seguinte já descompensa, piora e acaba indo para a UTI e o caso evolui para óbito”.