A psicóloga laranjeirense, Taiane Franco, explica como o abuso pode gerar traumas e doenças que perduram a vida inteira
A secretaria de Assistência Social e Segurança da Família iniciou uma campanha que se estenderá durante todo o mês de maio, cujo objetivo é alertar sobre a violência contra crianças e adolescentes. No dia 18 de maio é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, data determinada oficialmente pela Lei 9.970/2000, em memória à menina Araceli Crespo, de 8 anos, que foi sequestrada, violentada e assassinada em 18 de maio de 1973.
Este ano, o lema da campanha do Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes é “Faça Bonito” e tem como símbolo uma flor amarela, como uma lembrança dos desenhos da primeira infância, além de associar a fragilidade de uma flor com a de uma criança. A missão do Comitê é incentivar que em todo o Brasil sejam realizadas ações que alerte toda a sociedade sobre a necessidade da prevenção à violência sexual.
Abuso infantil
A psicóloga e terapeuta cognitiva comportamental de Laranjeiras, Taiane Franco Santos, explica que casos de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes são mais comuns do que se imagina. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que 70% das vítimas de estupro no Brasil são menores de idade.
O abuso sexual infantil é um problema global. Estima-se que 18% das meninas e quase 8% dos meninos sofram com isso. Porém, só refletem os casos que foram relatados. “Mais de 96% das pessoas não revelam que foram abusadas, molestadas ou assediadas por primos, tios, avós, pais ou pessoas próximas. 2% revelam depois de uns dez ou vinte anos e 2% apenas revelam na hora”, ressaltou a psicóloga.
Segundo Taiane, a maioria dos casos de abuso sexual infantil ocorre dentro de casa, ambiente em que a criança deveria se sentir protegida. É um espaço privado, de segredo familiar e é muito comum que aconteça. “Eles podem ocorrer com contato ou sem contato e se expressam de modo verbal, não verbal ou físico”.
“No físico, o comportamento do abusador é de chantagear ou ameaçar a vítima, sempre privando-a de escolher se ela quer ou não, coagindo-a. Já o verbal é usado por falas erotizadas para despertar o interesse da criança ou adolescente com falas que, de modo geral, que constrangem as vítimas”, acrescenta.
Consequências
A especialista afirma que as consequências na vida dessas pessoas são extremamente fortes e as experiências traumáticas podem acometer o psicológico das crianças e adolescentes durante toda vida. Ela relata que os principais sintomas são autoestima baixa, dificuldade de confiar nas pessoas, medo de exposição, sentimento de sujeira, nojo, e principalmente, culpa.
“As sequelas dos problemas gerados pelo abuso sexual também se refletem em doenças sexualmente transmissíveis, lesões, dificuldades de manter relações sexuais saudáveis ou laços afetivos, dependências alcoólica ou química, transtornos alimentares, transtornos mentais e outras complexidades”.
Abuso e exploração sexual
O abuso é qualquer ato que ofenda a pessoa, extrapolando os limites do desenvolvimento ou exercício autônomo e sadio de sua sexualidade, visando unicamente à satisfação de um desejo sexual próprio do agressor. Ou seja: no abuso sexual, o agressor procura unicamente satisfazer seus desejos mediante a violência sexual. Já a exploração é a obtenção de alguma vantagem, financeira ou não, diversa do prazer oriundo da violência. Caracteriza-se por ser uma relação mercantil, em que o agredido é considerado mera mercadoria.
Não se cale, denuncie!
Para denunciar crimes envolvendo crianças e adolescentes, basta ligar para o Disque 100. Ou então entrar em contato com o Conselho Tutelar ou o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do município, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Conselho Tutelar ou Delegacia de Polícia.