A nova concessão das rodovias que cortam o Paraná promete ser o maior projeto de infraestrutura da América Latina e será baseada em torno da menor tarifa oferecida ao usuário, sem limite de desconto na disputa na Bolsa de Valores, arrumando a modelagem de acordo com o anseio da população. A alteração na proposta original foi anunciada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (21), no Palácio Iguaçu, em Curitiba, e é resultado das seguidas reuniões em Brasília (DF) do início desta semana.
“Hoje é um dia extremamente importante para o estado do Paraná, estamos felizes porque vencemos uma etapa do maior problema dos últimos 20 anos, que é a questão do pedágio”, afirmou o governador.
Existe uma concessão que vencerá em novembro e, com base nisso, criou-se um grupo de trabalho, junto com o ministério da infraestrutura para fazer um levantamento técnico, que contava também com o Banco Mundial. Foram dois anos de muito trabalho e pesquisa até finalizarmos o novo plano de modelagem. “A missão do projeto é construir uma solução e corrigir erros do passado. Desde 1997, o Paraná fez uma concessão a partir de um modelo que foi muito questionado devido a corrupções e obras que estavam no contrato e foram retiradas. Das 10 praças mais caras do Brasil, seis estão no Estado”, continuou ele.
Além disso, o intuito é criar um futuro mais promissor e mais justo, de modo que colabore com o desenvolvimento econômico e social da população.
Segundo o governador, isso só se tornou possível por conta da união da força política, da sociedade civil organizada e da confiança da população. Ele diz que sabe-se que o ministério da Infraestrutura tem um modelo (o antigo) que foi estudado para se adequar para o Brasil inteiro, o que, de certo modo, comprometeu por muitas décadas o desenvolvimento econômico do Paraná, afastando grandes investimentos. Já o atual previu um específico para o Estado, equilibrando as tarifas e as obras. “Nós estamos falando hoje do maior projeto de infraestrutura da América Latina. Dos Estados Unidos pra baixo não existe um projeto desse porte. Estamos falando de 42 bilhões de investimentos que vão acontecer no Paraná nos próximos seis ou sete anos no máximo. Mais ou menos R$ 5 bilhões em média por ano em obras e duplicações. Serão mais 1.800 km de duplicação, 3.327 km de rodovia contornos em todas as grandes cidades do Estado, melhorando a logística”, detalhou o governador.
Para o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano esse é o momento mais importante da história do Paraná ao longo de toda sua trajetória política. “É um marco, um divisor de águas. Teremos a oportunidade de fazer o Estado avançar não só no Brasil, mas no mundo. Estou muito orgulhoso por fazer parte desse projeto”, afirmou Traiano.
Coordenador da bancada, deputado Toninho, se disse muito feliz de saber o resultado do esforço de todos. “Pela primeira vez a gente viu o Paraná unido: setor produtivo, a população, o governo do Estado, a assembleia legislativa, a bancada federal e tantos outros”, relatou Toninho.
O secretário de infraestrutura, Sandro Alex falou que esse não é um simples projeto, é o maior projeto de construção de rodovias do Brasil. “Os 42 bilhões em investimento equivalem a 120 anos do orçamento federal aplicado Paraná. Mais de 1.800 km de duplicação de rodovias que há décadas, como a 277, a 376 e a 369 aguardavam”, explicou o secretário.
Perguntas
Jornalista – Qual foi o principal ponto que fez o governo federal mudar de ideia e aprovar a aplicação do projeto?
Governador Ratinho: Os principais pontos no processo de convencimento, além da construção da união de todos os atores do Paraná e da população, foi a apresentação técnica de mostrar que esse modelo também era viável, ou seja, atrativo para grandes empresas investidoras, além, claro, da conversa de conscientização com o presidente Jair Bolsonaro.
Jornalista – O senhor citou que foram mais de dois anos de estudos em conjunto com o governo do estado e o ministério da infraestrutura. Em grande parte desse tempo, foi discutido o modelo híbrido, que foi defendido pelo Estado até recentemente. Qual foi o momento e a causa que fez o governo mudar de opinião e passar a defender a menor tarifa?
O governo do Estado, se você pegar o histórico, nunca fechou um posicionamento em questão de uma modelagem. Sempre deixamos e demos o prazo, sem fazer nenhum tipo de pressão – até porque tratamos o termo de forma técnica – para que o assunto não se esvaziasse em um discurso poético, que não solucione o problema de fato. Então tomamos todos os cuidados para que o ministério fosse aprofundando as informações e os dados.
Abaixar a tarifa não é a única prioridade porque não adianta nada ter uma tarifa muito baixa, mas continuar com a pista simples, com um volume de carga que nós temos. Numa rodovia como essas, nós temos que ter obras com preço obviamente mais baixo. Esse equilíbrio que tinha que acontecer.