O grupo que investiga a circulação da variante delta no Paraná completou nesta quinta-feira (15) sete dias de trabalho. Nesse período foram compilados e amplificados dados sobre os sete casos confirmados até esta quarta (14) para definir o grau da transmissão da variante no Estado, além da realização de entrevistas de campo com as redes de contato primária, secundária e até terciária.
Há expectativa da divulgação de um relatório detalhado ao final do trabalho. Só então será possível identificar transmissão comunitária (impossibilidade de confirmar a origem do vírus), segundo recomendação do Ministério da Saúde. As prefeituras também estão trabalhando para isolarem os suspeitos.
As equipes do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (Episus) montaram duas frentes de investigação no Paraná: uma em Londrina e outra em Francisco Beltrão. Os técnicos estão apurando os confirmados de Apucarana, Rolândia, Mandaguari e Francisco Beltrão. O Paraná já tem um novo caso confirmado, em São José dos Pinhais.
A investigação envolve servidores do Ministério da Saúde, Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, as vigilâncias dos municípios que apresentam casos confirmados e o Laboratório Central do Estado (Lacen).
“É um trabalho investigativo minucioso e por isso solicitamos o apoio do Ministério da Saúde. Estamos contando com a participação das equipes da Sesa e dos municípios, e agradecemos as pessoas que estão se dispondo a prestar mais informações para esta pesquisa. Uma vez confirmado o cenário epidemiólogico, podemos desencadear novas ações de combate à pandemia”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Segundo Nota Técnica no Ministério da Saúde (718/2021), as variantes de atenção e/ou preocupação (VOC), como a delta, que surgiu na Índia em outubro de 2020, são consideradas importantes devido às mutações que podem conduzir ao aumento da transmissibilidade e ao agravamento da situação epidemiológica nas áreas onde forem identificadas.
O Paraná confirmou apenas a transmissão local (registro de casos em um mesmo núcleo). A prefeitura de São Paulo declarou transmissão comunitária nesta quarta. O Brasil já registrou 27 casos da variante delta (B.1.617.2) em sete estados: além do Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais.
Investigação
Para efeito de investigação, são considerados casos confirmados em indivíduos com síndrome gripal ou síndrome respiratória aguda grave com teste de biologia molecular, com resultado detectável para SARS-CoV-2 realizado pelo método RT-PCR em tempo real, com sequenciamento positivo para variante Delta (B.1.617.2) no Estado do Paraná a partir de 01 de abril de 2021.
A investigação também faz a coleta de informações de casos considerados suspeitos, que são as pessoas com síndrome gripal ou síndrome respiratória aguda grave que tiveram contato próximo com o caso confirmado também a partir do dia 01 de abril. Nesses casos, é recomendado um teste RT-PCR.
Casos
A Secretaria da Saúde do Paraná confirmou nesta quarta o oitavo caso da variante delta no Estado. Trata-se de uma mulher, de 46 anos, residente em São José dos Pinhais (2ª Regional de Saúde), na Região Metropolitana de Curitiba. Como os sete anteriores, este caso da variante B.1.617.2 também foi confirmado por sequenciamento genômico realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Os casos no Paraná foram confirmados a partir de duas estratégias: um método molecular de triagem, realizado de forma pioneira pelo Lacen/PR, capaz de identificar grupos de variantes, com remessa priorizada para a Fiocruz/RJ das amostras suspeitas de infecção pela delta para confirmação por sequenciamento; e amostras positivas selecionadas aleatoriamente pela Fiocruz/RJ, que analisa todos os meses testes de diversos Lacens através da Rede Genômica, que realiza os exames de sequenciamento de SARS-CoV-2 em todo o País.