Bruna Lipski inova o setor de hamburguerias com o “Estação 42”
A jovem se destaca à frente do “Estação 42”, uma hamburgueria que começou com a missão de inovação e se consolidou com marcas registradas na forma de administrar
Filha de empresários tradicionais de Laranjeiras do Sul, Bruna Lipski constrói a própria trajetória no mundo dos negócios. Aos 29 anos, formada em Direito, deixou a advocacia ao ver na administração a profissão para a vida. Dona da hamburgueria Estação 42, criada em 2018, ela conta com o apoio do irmão, Luiz Henrique, na condução do estabelecimento. Ao Correio do Povo do Paraná, ela deu detalhes da carreira, revelou os desafios enfrentados durante os três anos na nova atividade e falou dos planos futuros.
Correio: Como foi a tua trajetória até se tornar dona do próprio negócio?
Bruna: Minha família tem o Posto Lalaco, que é o primeiro da cidade e vem passando de geração em geração. Me criei em Laranjeiras, mas fui para Curitiba cursar em Ensino Médio. Na época, meu sonho era se formar em Direito. Me graduei, mas quando somos muito jovens não sabemos o que queremos. Hoje tenho plena convicção de que não quero ser advogada. Cheguei a exercer a profissão durante um ano, mas eu não me sentia bem. Gosto da dinâmica da empresa, do “todo dia uma coisa diferente para fazer”. Na advocacia você lida com os problemas das pessoas. Elas te procuram para resolver problemas, não porque estão felizes. Acho bonita a profissão, mas para quem tem o dom.
Até que meus pais precisaram de mim no posto. Passei a ajudar eles durante meio período e o restante do tempo ficava no escritório. Percebi então que eu me via trabalhando na empresa ao longo dos anos. Eu não tinha essa expectativa no Direito.
Fiquei um ano e meio lidando só com o posto. Nisso, fui projetando o Estação. Havia uma sala de depósito no terreno e eu pensava: “no centro da cidade?”. Fiquei namorando o projeto por um ano. Os meus pais aceitaram de imediato, mas foi um tempo até que em 2017 construímos e no ano seguinte inauguramos.
Por que uma hamburgueria?
Bruna: Eu fiz intercâmbio nos Estados Unidos, quando tinha 21 anos. Morei lá e via muitos modelos de negócios, assim como em Curitiba e Cascavel. Até então, Laranjeiras não tinha opções se não baladas ou pizzarias. Não havia um lugar jovial e gostoso para sair à noite, comer e aproveitar a vida. Laranjeiras precisava de novidade e busquei inspiração no que vi lá fora.
Correio: Quais são as marcas registradas do estabelecimento?
Bruna: Sempre focamos em funcionários jovens, inclusive eles são estudantes da UFFS. Apostamos no hambúrguer artesanal, feito aqui. Não tem esse negócio de comprar pronto. O nosso é do blend que escolhi – fiz um curso de chef de cozinha. Foram várias tentativas antes de chegar ao hambúrguer que temos hoje. O único que não é feito por nós é o vegano. Nosso chope na caneca congelada é outra especialidade.
Correio: Em pouco mais de três anos, o que mudou na tua mente de empresária?
Bruna: Se você sonha com algo mas ele não dá certo, parta para o que dá certo. No início, eu pretendia um “sport-bar”. Um local para as pessoas assistirem futebol e outras modalidades, mas não pegou. Percebi que o público gosta mais de música. Então eu me adaptei. Continuo colocando jogos, mas depende do público querer. Se pudesse dar um conselho a um jovem que pretende empreender, diria para estudar o negócio antes de se aventurar. É preciso conhecer todos os protocolos. Aqui, sei como se preparar um hambúrguer, como servir um chope e se preciso faço atendimento. Isso é importante em momentos de imprevistos e até para saber cobrar o teu funcionário.
Correio: E as dificuldades da pandemia?
Bruna: Foi o pior período. Houve muita restrição. Quando fechamos por dois meses, apenas com a entrega, o pessoal pensava que a entrega compensava. Mas não. Se vendíamos 30 hambúrgueres num dia normal, com a pandemia vendíamos 10, às vezes cinco. Eu tinha um pessoal para vender 30, mas entrava dinheiro para 10.
Eu tinha estoque e mão de obra, mas não podia trabalhar. Havia o compromisso com os funcionários. O meu maior medo era demitir pessoas. Muita gente contava com o salário. Era difícil chegar e o pessoal te perguntar se o emprego estava garantido. Precisei demitir duas pessoas fixas e fiquei com quatro. Dei férias para alguns, mas o problema maior eram os freelancers, que só vinham no fim de semana e naquele momento não havia porquê chamá-los se estivéssemos fechados. Ainda não consegui repor totalmente o pessoal. Temos sequelas do período e ainda um pouco de restrição. Estou trabalhando com o que posso.
Como é a participação dos teus pais no dia a dia do Estação? Além do conhecimento repassado por eles, onde mais buscou capacitação na área da administração?
Bruna: Eles me ajudam muito. O meu pai me cobra muito. Todo o dia ele abre a empresa e a inspeciona. Ele vai no depósito, na cozinha, no salão, vê se todo mundo desligou tudo certo. Se ele vê algo fora de ordem ele me comunica.
Antes de abrir o Estação, fiz o Empretec, que abriu-me a cabeça para começar. Aprendi como administrar e naquele primeiro ano de atividade fiz o MBA também. Tive o auxílio da prática dos meus pais, mas fui atrás da teoria.
Correio: O que pretende para o futuro?
Bruna: Na pandemia precisei utilizar muitos recursos. A ideia era sobreviver. Agora, quero ampliar o modelo de negócio, não necessariamente com o Estação. Vou apostar em outras coisas. Ainda estudo o que é mais viável. Já tenho ideia de investir em novas áreas.
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