Espigão Alto do Iguaçu realiza debate sobre a violência contra os idosos

“O Poder Público, a sociedade, tem esse dever de lutar e garantir os direitos da pessoa idosa”, destaca o advogado Rafael Moura

Na quarta-feira (15) foi comemorado o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. A data foi criada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção ao Abuso de Idosos.

A violência contra os idosos é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como um “ato único ou repetido, ou falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento onde exista uma expectativa de confiança, que cause danos ou sofrimento a uma pessoa idosa”.

O tema merece real atenção e cuidados para preservar os direitos dos idosos em todo o mundo. Por muito tempo este foi um assunto distante das discussões gerais da população, além de ser considerado uma questão da vida privada. As evidências apontam que este é um grave problema de saúde pública e social e por isso deve ser debatido e combatido.

As violências infligidas contra os idosos são: negligência, quando os idosos são privados de receber os cuidados básicos de saúde, higiene e proteção;

Abandono, quando familiares ou responsáveis, governos e instituições não auxiliam na promoção de saúde e bem estar da pessoa idosa;

Violência física, usada para impor que os idosos façam algo que não queiram ou simplesmente para causar dor, sem medir as forças, ferindo até mesmo um idoso(a) incapacitado. A violência sexual é imposta sob pressão, ameaça, através de ato ou jogo sexual.

A violência emocional e psicológica acontece quando os idosos são impedidos de ver pessoas de que gostam ou de receber visitas e também através de xingamentos, humilhação, destruição de propriedade, que afetam o bem estar e a autoestima da pessoa.

A violência material ou financeira ocorre quando os recursos e bens patrimoniais da pessoa idosa são utilizados sem a sua autorização, por meio de dissimulação ou ameaça.

Conferência em Espigão

Pensando na data, Espigão Alto do Iguaçu promoveu uma conferência contando com a presença de profissionais da área, gestores públicos e idosos para debater as políticas públicas adequadas para a proteção e combate à violência. Também o Teatro ACSTAGE apresentou a peça “Chá das cinco” sobre os desentendimentos familiares envolvendo idosos.

Os participantes da mesa redonda do encontro foram: a psicóloga, Heloísa Brugnara (NASF), a assistente social Paula Anairam Sampaio, a assistente social de Quedas do Iguaçu Patricia Martins, Simone Rohden que representou a secretária de Ação Social Sandra Bertoncelo, e a secretária de Educação Susi Maciel Velho.

De acordo com o secretário municipal de Saúde Jocemar Mendes de Jesus, vivem no município mais de 700 pessoas consideradas idosas, com idade acima de 60 anos, o que representa mais de 20% da população, o dobro da média nacional de 10,8%, segundo dados do Índice Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ele destaca que durante a gestão do prefeito Agenor Bertoncelo várias iniciativas de ações de proteção e apoio aos idosos foram tomadas. Em ação conjunta, as iniciativas contaram com a participação das secretarias de Saúde, Assistência Social, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), além do suporte do sistema de transportes com o objetivo de levar os idosos para realizar tratamentos e exames em outras cidades.

O prefeito Agenor Bertoncelo, que esteve presente na ocasião, enfatizou o quanto são essenciais os serviços prestados pelos profissionais da área. “Tenho mais de 70 anos, sei que nesta idade dependemos de outras pessoas, familiares, muitas vezes para coisas básicas do nosso dia a dia”. Ele destaca a necessidade de estar atento a qualquer tipo de violência contra os idosos, através do apoio e amparo necessário.

Aumento nos casos de violência

O palestrante do encontro, o advogado Rafael Moura ressaltou as situações que deixam os idosos expostos e quais os tipos de violência que estes sofrem. Segundo ele os dados revelaram que com a pandemia da Covid-19 houve um aumento nos casos de violência. “Além do medo e sofrimento com a doença, houve um impacto imediato na saúde. A pandemia está colocando as pessoas mais velhas em maior risco de pobreza, discriminação e isolamento. Os idosos têm os mesmos direitos à vida e à saúde que todos nós”, relatou Rafael.

Ele destaca a importância de os gestores proporcionarem as condições ideais para que as pessoas envelheçam com uma boa qualidade de vida, pois todos envelheceremos um dia. “O Poder Público, a sociedade, tem esse dever de lutar e garantir os direitos da pessoa idosa. Atualmente um a cada seis idosos sofrem algum tipo de violência e precisamos combater isso”.