Indígenas do Rio das Cobras conhecem projeto da Nova Ferroeste
Obra vai ligar Paraná ao Mato Grosso do Sul e está orçada em R$ 35,8 bilhões. Leilão será feito pela Bolsa de Valores, sendo que empresa vencedora operará por 99 anos
Em Nova Laranjeiras, nesta quarta-feira (25) a Escola Indígena Professor Candoca sediou uma reunião para acompanhar o resultado do estudo que avalia o impacto ambiental e social da implantação da Nova Ferroeste na região.
Os líderes das 11 aldeias e o cacique da comunidade Rio das Cobras participaram do encontro com representantes do Governo do Paraná e profissionais da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Fipe). A reunião foi conduzida por funcionários da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) de Brasília e de Guarapuava.
A Nova Ferroeste é um projeto do Governo do Paraná que propiciará um salto na logística de transporte de mercadorias ao Porto de Paranaguá. A ferrovia vai ligar Maracaju a Paranaguá e terá dois ramais a partir de Cascavel para Foz do Iguaçu e Chapecó, em Santa Catarina, totalizando de 1.567 quilômetros.
O estudo da Fipe avaliou as condições do meio físico, biótico e socioeconômico. Foram estudadas as possibilidades de desenvolvimento de processos erosivos e assoreamento de cursos d’água, contaminação de solos, águas superficiais e subterrâneas, bem como alteração na qualidade do ar. O risco do aumento nos níveis de ruído e vibração também foi levantado.
Especialistas da Fipe realizaram atividades intensas na Terra Indígena nos últimos anos, com visitas técnicas, entrevistas e oficinas para avaliar o impacto da ferrovia. O trabalho é uma das etapas do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto. De acordo com o estudo, a interferência em quase todos os aspectos será bem pequena. Ainda assim foram propostos 23 programas de controle e monitoramento em todas essas frentes, inclusive de promoção do desenvolvimento econômico.
O cacique Angelo Rufino afirmou que o trabalho levou em consideração os anseios dos moradores. “Todos foram chamados e ouvidos, isso foi muito importante para as pessoas que estão aqui. Todas as aldeias vão ficar contentes”, disse. “A comunidade tem convivência com o trem que passa perto do limite da nossa região, sempre escutamos o barulho. Esses programas apresentados contemplaram a nossa cultura, a nossa tradição do artesanato, o resultado foi como a gente esperava”.
Licenciamento do Ibama
O licenciamento ambiental da Nova Ferroeste teve início em 2021 com a realização do Estudo de Impacto Ambiental, protocolado junto ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em maio de 2022 representantes do órgão federal realizaram visitas técnicas e comandaram sete audiências públicas para discutir o impacto ambiental de Maracaju (MS) a Paranaguá (PR) e o ramal de Cascavel a Foz do Iguaçu. O Governo trabalha agora em melhorias do projeto para dar seguimento ao licenciamento.
Nova Ferroeste
O projeto da nova ferrovia vai expandir a atual Ferroeste, que liga os municípios de Cascavel (Oeste) e Guarapuava (região Central). O investimento estimado é de R$ 35,8 bilhões. O leilão para executar o empreendimento será realizado na B3. O vencedor vai executar as obras e operar a malha ferroviária por 99 anos.