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Quando nos reportamos à educação, verificamos que é graças a sua poderosa ação, quando bem trabalhada, que o indivíduo passa a conhecer-se a si mesmo, compreendendo o de que já é capaz e o de que ainda não o é. É pela educação que o ser consegue visualizar quais são as zonas ainda obscuras em seu mundo íntimo, analisando os apelos sombrios ou escusos que ainda o atraem, quanto as propostas de luz e de equilíbrio que o sensibilizam.
No campo educacional, devidamente estruturado para que se alcance o sentido das leis divinas, é que cada um deverá aprender a relacionar-se com o semelhante, dando-se conta, porém, de que responderá pelo que faça, pelo que diga, pelo que inspire, sejam de bom ou de ruim, conquistando bênçãos de paz pela nobreza da sua dinâmica existencial ou recolhendo amarguras pela má sementeira que haja feito.
A educação que se proponha mudar as velhas características do indivíduo, destronando-as, quando sejam perniciosas ou ampliando-as, quando se mostrem enobrecidas, tem uma importantíssima missão entre os humanos. Vale, então, investir o melhor das nossas possibilidades em prol desse espiritual compromisso.
À proporção que a educação é clareada pela luz do conhecimento espírita, e cada educador se apercebe de que os educandos sob sua responsabilidade são indivídualidades sui generis, portadores de bagagem intelectual e moral própria, com abertura maior ou menor para o entendimento e assimilação das proposituras da vida sadia, verificará que não poderá utilizar-se de um só recurso, de uma só craveira ou de uma única metodologia, para inserir-se em cada vida e sacar proveitosos resultados.
Tanto na vida pessoal, quanto nas relações heterosociais, cada indivíduo dará mostra do que carrega em si como elementos basais para tudo quanto se lhe queira ensinar.
Cada pessoa apresentará, devido a somatória das suas pregressas experiências, posto que estamos considerando a fieira de reencarnações pelas incontáveis moradas de Deus, que são os mundos materiais, maneiras diferentes de relacionar-se com os chamados valores familiares, sociais, profissionais, religiosos e espirituais, manifestando, dessa forma, o estágio de amadurecimento do senso ético, do senso estético quanto do senso moral. A partir daí, dir-se-á que alguém é maduro nisso e imaturo naquilo ou que se movimenta bem em tal área, mas se atrapalha em outra, assim por diante.
O Espiritismo, quando profundamente conhecido pelo seu delongado estudo e honestamente sentido pela vivência corajosa, logra iluminar os diveros setores da atividade humana, na Terra, despertando nas almas essa real paixão por ser feliz, graças ao esforço de exercitar fidelidade aos ensinos de vida eterna que Jesus, o Modelo e Guia da Humanidade, veio trazer aos alunos matriculados nos programas de Evolução, no planeta.
É por meio da educação que o Espiritismo ajudará aos homens a libertar-se do jugo materialista, presente em tudo o que fazem. O egoísmo, nesse ponto, estará desmascarado e abatido, permitindo se reformem as instituições terrestres.*
Havendo ensinado os Excelsos Guardiães da Terra que está chegando o tempo das grandes transformações do mundo, não somente as entranhas físicas do planeta deverão alterar-se, mas, principalmente, as entranhas morais da humanidade, é isso terá de fazer-se pela educação.
Estabelece Allan Kardec, com sua penetrante visão, que a educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. **Eis porque os homens de boa vontade, que anelam por um mundo ditoso, intelectual e moralmente, e que por isto se esfalfam buscando providências capazes de diminuir a miséria espiritual no orbe; os que estão se valendo dos mais respeitaváveis recursos para municiar as criaturas com os dignos valores da sabedoria e da fé amadurecida pelo bom senso, não deverão descurar da suprema importância do ato de educar.
O Movimento Espírita, com suas inumeráveis instituições de benefício aos necessitados, como hospitais, creches, lares da infância e da velhice desatendidas, escolas diversas, munido desse bonito sentimento de socorrer, de ajudar, de nortear para o bem, não venha olvidar a vital importância de educar, para que, defato, o carente de qualquer matiz não só recebe o peixe, mas aprenda o ato de pescar…
Livro: DESAFIOS DA EDUCAÇÃO. Camilo (Espírito), psicografia de José Raul Teixeira. Fráter Livros Espíritas. Niterói – Rio de Janeiro – RJ. 1ª Ed. 1995.
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza – CEAC, Guaraniaçu – PR manoelataides@gmail.com
*Kardec, A. O livro dos espíritos, perg. 914
**Idem, perg. 917, Nota.