Vou conversar com eles…
É uma frase muito usada pelo atual presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Conversar com os presidentes da câmara e do senado federal, com o tal de centrão e por aí vai…
A relação mais próxima de Luiz Inácio Lula da Silva com o congresso teve início em 1987, quando ele foi eleito deputado federal. Fez parte do grupo que elaborou a Constituição promulgada no ano seguinte, mas pouco se destacou em termos de projetos, não quis disputar um segundo mandato e saiu de lá, classificando os ex-colegas de ‘uma maioria de uns 300 picaretas’, conforme declarou em 1993. Dez anos depois, ao chegar ao palácio do Planalto, viu-se obrigado a sentar-se à mesa com os ‘300 picaretas’. Negociou e conversou tanto, que isso culminou em 2005 na eclosão de um escândalo de compra de parlamentares, o famoso mensalão. O esquema abateu o homem forte do governo, o ministro da casa civil, José Dirceu, e levou à condenação de outros companheiros graúdos, mas não impediu Lula de ser reeleito e fazer a sucessora, Dilma Rousseff. A gestão feita também à base do toma lá da cá com parlamentares ficou marcada por um escândalo ainda maior, o petrolão, que levou Lula à prisão e favoreceu o clima favorável ao impeachment.
Retornando ao poder depois de uma disputa acirrada em outubro de 2022, Lula prometeu um diálogo republicano com o congresso com firme propósito de não repetir os erros do passado. Depois de três meses de governo a tarefa se tornou difícil, sobretudo no entendimento com o centrão. O presidente encontrou um centrão cada vez mais unido e cheio de poder, inclinações cada vez mais liberais e conservadoras, perfil que se choca frontalmente com as convicções da esquerda. Uma complicação na relação do presidente com o grupo é que ela é bem diferente do cenário que ele encontrou em seu primeiro governo. Nas duas décadas que se separam as gestões petistas, o legislativo ganhou força e autonomia em relação ao executivo. Enquanto isso, é preciso dialogar, conversar e conversar. O povo brasileiro tem pressa e o Brasil precisa de paz e menos conversa…