Brasileiros desenvolvem corantes naturais sustentáveis a partir da casca de uva
A nova tecnologia ecológica tem como objetivo substituir corantes sintéticos e reduzir os impactos ambientais e riscos à saúde
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram uma tecnologia sustentável para a produção de corantes naturais a partir da casca de uva, que contém antocianina, responsável pela cor da fruta. A alternativa tem como objetivo substituir os corantes sintéticos, que têm gerado preocupação devido aos riscos de alergia e impactos na saúde.
Tecnologia sustentável
A nova tecnologia é 100% ecológica e utiliza solventes que garantem cores mais vibrantes e estáveis, além de permitir o uso dos corantes em altas temperaturas. A resina aplicada na purificação pode ser reutilizada por oito ciclos sem perda de eficiência, sem a necessidade de solventes orgânicos voláteis, equipamentos sofisticados ou mão de obra especializada.
Os corantes naturais têm sido uma prática tradicional da humanidade, mas a preferência por corantes sintéticos cresceu devido à sua capacidade de oferecer cores mais estáveis. No entanto, a utilização de corantes artificiais demanda alto gasto energético, aplicação de solventes orgânicos e estabilizantes químicos com alta toxicidade e contaminação da água.
Na indústria têxtil, cerca de 90% do consumo de água do setor ocorre no processo de tinturaria e acabamento. Os corantes sintéticos, derivados da extração de petróleo, também contribuem para o esgotamento de uma fonte de energia não renovável.
Resíduos de uva
Com o novo processo, os corantes naturais atingem uma pureza de 90%, reduzindo o impacto ambiental e contribuindo para um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Maurício Rostagno, professor da Unicamp e um dos inventores da tecnologia, ressalta que a utilização de resíduos da fruta, muitas vezes descartados no setor do agronegócio, gera mais valor agregado à produção da uva.
“Recuperar esses compostos, que seriam descartados como adubo, gera muito mais valor agregado à produção da uva. Todo o processo desenvolvido promove a reciclagem dos absorventes”, explica Maurício.