A inescrutável sabedoria divina estabeleceu na causalidade da vida, a origem de todos os fenômenos, que lhe são as manifestações inevitáveis.
Nesse panorama, a reencarnação é o processo de evolução mediante o qual jamais se interrompe o crescimento moral de intelectual do ser, na cadeia infinita do progresso.
Perfeitamente compatível com a justiça soberana, por dela ser derivada, a reencarnação brinda ao princípio inteligente as possibilidades inimagináveis de aprimoramento íntimo…
O aviltamento da conduta, o delito consciente, o erro engendrado, e logo se pronunciam as necessidades reparadoras, impondo repetição da experiência, através de cuja ação o ser readquire a dignidade perdida, aparelhando-se para outros tentames mais graves e significativos.
Esse processo valioso proporciona a chave para equacionar os problemas de comportamento humano, oferecendo os meios para a elevação sem os infindáveis castigos ou perdões com a ortodoxia religiosa do passado pretendia simplificar os mecanismos das Leis.
O Espírito, diante da Consciência Cósmica, é o responsável por si mesmo.
Herdeiro da Inteligência Divina, que nele jaz em embrião, a ele cumpre facultar-se os recursos próprios, a fim de que se fecunde e se desabroche, impulsionando-se à conquista dos valores que lhe estão destinados, mas que devem ser desenvolvidos a esforço pessoal, trabalho esse que lhe concederá alegria, face ao empenho que ele tenha aplicado…
Nessa paisagem, estagiam em faixas primárias aqueles que ora começam o seu processo de desenvolvimento, renteando com as dificuldades iniciais, necessitados de apoio e orientação.
A dor que experimentam não tem caráter punitivo, antes constitui-lhes estímulo ao avanço, aguilhão que os impulsiona na marcha, para que deixem o estágio mais grosseiro do processo libertador. Manifestam-se essas experiências nas anomalias de todos os matizes, nas enfermidades ásperas e mutiladoras, principalmente nos tormentosos labirintos socioeconômicos nos quais bilhões deles estertoram em trânsito para patamares mais elevados.
Não são antigos déspotas ou miliardários impiedosos, os renascidos nas palhas da miséria, embora os haja também em grande quantidade, renteando com eles e aprendendo equilíbrio, justiça e respeito pelo bem…
Diante deles, a sociedade está convidada à aplicação das leis de amor, promovendo-os mediante a educação, o trabalho, a higiene, o recreio, que merecem como seres inteligentes e dignos, irmãos em fase de desabrochamento dos valores éticos.
As atitudes assumidas em relação a esses companheiros de luta facultarão efeitos correspondentes para aqueles que as mantiverem, tornando-se, a partir de então, fenômenos cármicos que pesarão na economia pessoal e social do grupo humano.
Tem o dever de amparar e proteger o seu irmão, todo aquele que disponha de meios, sem o disfarce de benfeitor ou o tacão de sicário… As injustiças socioeconômicas que permanecem na Terra atestam a vigência do egoísmo das criaturas, como pessoas descomprometidas ou governantes arbitrários que se transformam em déspotas temporários, que a morte vence e disciplina na sua voragem transformadora e intérmina…
Livro: REFLEXÕES ESPÍRITAS. Vianna de Carvalho (Espírito). LEAL – Salvador. BA. 1992.