Homem tem remissão total do câncer após terapia celular

O coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira dessa tecnologia, Dimas Covas, diz que devido o alto custo, o tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo

A terapia celular contra o câncer conhecida como CAR-T Cell, adotado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, está trazendo para a rede pública de saúde uma técnica considerada revolucionária no combate ao câncer, utilizada em poucos países.

Até o momento, 14 pacientes foram tratados com o CAR-T Cell com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Todos os pacientes tratados tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS).

O método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O tratamento contra mieloma múltiplo ainda não foi disponível no País. 

O coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira dessa tecnologia, Dimas Covas, diz que devido o alto custo, o tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo. “O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posição privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto período”.

Atualmente, o tratamento só existe na rede privada brasileira, ao custo de ao menos R$ 2 milhões por pessoa.

Tratamento funciona da seguinte forma:

O paciente fica cerca de um mês sem quimioterapia e tem o seu quadro monitorado pelos médicos para garantir que o tumor não vai crescer de forma acelerada, em seguida é feita a colheita das células de imunidade do paciente e são levadas para o laboratório de modificação genética, onde ficam em cultura, por aproximadamente duas a três semanas.

Após isso, o paciente faz quimioterapias para ter quadro estabilizado até a reinserção. Cerca de cinco dias antes da reinserção das células, o paciente inicia um pré-tratamento, que leva três dias, com dois tipos de quimioterapia para garantir o bom funcionamento celular, depois de dois dias do fim do pré-tratamento, é feita a reinserção das células.

Remissão completa em curto período

O paciente, Paulo Peregrino, de 61 anos, que lutava contra o câncer a 13 anos,é o caso mais recente de remissão completa em curto período de tempo do grupo de estudos. Ele teve alta no último domingo (28), depois de ficar sob cuidados médicos no Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo.

O professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or, Vanderson Rocha, está à frente do caso de Paulo, revela que foi uma resposta muito rápida com tanto tumor. “Fiquei até emocionado ao ver as duas ressonâncias de Paulo. Foi uma surpresa em ver o resultado, porque a gente tem que esperar pelo menos um mês depois da infusão da célula. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo impressionado de ver a resposta que ele teve”, comemorou o especialista.