“Do nosso sustento ao comércio, a agricultura é o carro chefe”, diz Graziela Alves

Em comemoração ao Dia do Colono, o Correio do Povo entrevista a proprietária da Agroindústria São Roque, que há quatro anos se destaca em Laranjeiras. “Da roupa ao alimento, são os colonos que proporcionam tudo”

A essência da história, o sustento do presente e a promessa do futuro. Em meio aos campos férteis e sob o sol radiante, há um protagonista incansável que molda a terra, semeia esperança e colhe o fruto do seu trabalho árduo: o colono. É em honra a esses verdadeiros heróis da terra que celebramos, no dia 25 de julho, a grandiosidade da agricultura e do colono.

Em entrevista ao Correio do Povo, a agricultora e proprietária da agroindústria São Roque, Graziela Mendes Alves, fala da atividade que permeia sua vida desde a infância e a virada de chave ao empreender, comercializando seus produtos na Feira de Agricultores e nas escolas de Laranjeiras.

Segunda geração na agricultura

A gaúcha, de Cruz Alta, conta que sua inserção e interesse na agricultura vem de berço. Sua família sempre trabalhou na área e aos oito anos, quando chegou à Laranjeiras, a atividade seguiu a mesma linha. “A lavoura sempre foi nosso sustento. Milho e soja eram o carro chefe”.
20 anos depois, ao casar-se, Graziela e o esposo continuaram na área, na comunidade Gramadinho. “No início, cultivamos tabaco, mas optamos, um tempo depois, pela lavoura de grãos. Com essa diversidade, a mandioca se tornou uma opção, visto que a ideia era vender em mercados”, explica Graziela.
Por tratar-se de uma cultivar informal, segundo ela, o casal procurou o auxílio da prefeitura, Indíce de Desenvolvimento Rural (IDR-PR) e Emater para abrir a agroindústria. “Ao ampliar horizontes, participar de capacitações e trabalhar muito, em 2019 abrimos a empresa de agricultura familiar São Roque. Ela é literalmente o fruto do nosso trabalho”, conta a produtora.

Após a abertura da empresa, liberação da vigilância sanitária e criação do selo, a empresa venceu a licitação para entregar os produtos às escolas. “Atualmente, temos 22 pontos de entrega. São 14 escolas e nove creches que recebem nossos produtos”, explica.

Conquistas

Há quatro anos, a rotina da família se intensificou para atender às demandas da empresa. Atualmente, trabalhando ao lado do esposo e da filha mais velha, Graziela destaca os produtos comercializados. “A mandioca descascada é o principal item, entrego nos mercados e feira. Além disso, produzimos mix de legumes, conservas, doces, geleias, polpas de frutas e de tomate”.
Além da empresa, atualmente a família também integra a pecuária leiteira à renda. “Aos poucos vamos evoluindo. Recentemente, adquiri uma descascadora de mandioca, que facilita muito o trabalho. Investir para proporcionar o melhor aos nossos clientes sempre será nossa meta”, completa.

Dificuldades

Por tratar-se de uma ‘empresa a céu aberto’, como brinca Graziela, depender das condições climáticas é a realidade da agricultura.
Além dos fatores que interferem à boa safra, algo enfrentado pela empreendedora é o preconceito. “Infelizmente, a classe da agricultura ainda é referenciada de forma pejorativa. Como mulher e colona, noto olhares tortos e comentários ruins. Há casos em que meu esposo precisa negociar com o cliente, pois comigo não aceitam. É triste”, relata.

Conforme Graziela, seu desejo, é que a situação mude e que o setor tão desvalorizado seja visto com outros olhos. “Da roupa ao alimento, são os colonos que trabalham diariamente para proporcionar isto. O governo precisa assistir melhor à nossa classe. A agricultura familiar merece incentivo, projetos e abertura de caminhos. Para ter comida na mesa, é necessário agricultura familiar”, destaca a produtora.

Orgulho

Por fim, ao comemorar a data em alusão ao ‘Dia do Colono’, a agricultora enfatiza o setor ao desejar esperança e coragem para seguir no trabalho árduo. “Quem sabe da nossa vivência nos valoriza. É fato quando digo que a agricultura movimenta o Brasil e o mundo. Coragem é nosso lema, assim como determinação e força de vontade. Meu desejo é que sejamos valorizados e que o dia 25 seja comemorado verdadeiramente. Alimentar à nação é nossa maior virtude e falo isso com o maior orgulho do mundo”, finaliza Graziela.

Serviço: Para receber os produtos da agroindústria São Roque, entre em contato no WhatsApp: (42) 99102-6605.