Ensino religioso em 2019? Para quê?

Raphaela Ribas Lupion Gubert, Coordenadora Pedagógica das Escolas Confessionais do Sistema Positivo

 

Tragédias em escolas, queda do Brasil em índices internacionais de educação, baixa confiança na figura do professor. A atual situação da educação, no Brasil e no mundo, não é das melhores. E, se para profissionais da educação já não é fácil estar no meio de toda essa confusão, quais repercussões esse cenário causa nos alunos? Atualmente, os pais são obrigados a pensar não só no ensino de qualidade, mas naquele que repercutirá seus valores, que oferecerá segurança durante as dezenas de horas semanais em que o filho estará estudando e que o preparará para os desafios que encontrará no futuro, quando sair da escola.

Pode parecer diferente pensar no ensino religioso nesse momento. Muitos podem até se perguntar o porquê, em pleno ano de 2019, ainda temos escolas católicas. Pois bem, as instituições de ensino, em especial as voltadas para a educação cristã, têm como premissa um trabalho dedicado a ajudar a resolver os desafios do mundo atual, incluindo-se os problemas sociais, éticos e morais pelos quais passa a educação de nossos filhos.

E o medo do tradicional não deve ser motivo para desconfianças. As escolas católicas são símbolo, sim, de tradição. As primeiras escolas que surgiram em nosso país, ainda no período colonial, foram de cunho católico. Mas ser tradicional não significa ter ficado no passado ou ser inflexível diante de mudanças. Ter tradição demonstra a existência de uma longa jornada, com histórias e muita experiência – o que não as impede de congregar inovação, aprendizado eficiente e, principalmente, formação humana. Aliar hoje, no cenário da educação, tradição e inovação é encontrar o melhor dos dois lados.

Engana-se ainda quem pressupõe que o ensino cristão tenha a intenção de catequizar os estudantes. Todas as escolas Católicas têm um compromisso junto ao Vaticano de trabalhar com ensino religioso e pastoral em suas escolas e o trabalho atual tem foco no diálogo inter-religioso, justamente para colocar essas crianças e jovens para conhecer o diferente e respeitá-lo. O grande nó dos enormes desentendimentos que se têm no mundo hoje tem influência da diferença de crenças – e o que podemos fazer para melhorar essa situação é ensinar o respeito à opinião alheia.

Escolas Católicas têm em sua essência um trabalho que privilegia a formação humana. São instituições que, por meio de seu carisma e missão, têm como objetivo o desenvolvimento de uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, que privilegia o senso crítico e ético, a resiliência e o exercício de se colocar no lugar do outro para que tenhamos crianças e jovens mais humanos, solidários e preocupados em construir um mundo mais justo e igualitário. Ou seja, pessoas mais humanas.

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