‘Dia do Feirante’: Conheça a história da Afelar, a feira de produtores de Laranjeiras
Os primeiros feirantes na cidade datam os anos 90, quando agricultores levavam seus produtos ao centro para comercialização. Hoje a associação possui sede própria. “Graças a Afelar pagamos a faculdade de nossas filhas”, comemora Elisabete Humeniuk.
No coração da economia agrícola e do comércio local, encontra-se uma figura essencial e muitas vezes subestimada: o feirante. Responsável por levar os produtos frescos e cultivados com dedicação dos campos diretamente para nossas mesas, o feirante desempenha um papel crucial na conexão entre o produtor rural e o consumidor urbano.
É nesse contexto que celebramos hoje (25), o ‘Dia do Feirante’, uma ocasião que não apenas reconhece o trabalho árduo e a contribuição desses comerciantes incansáveis, mas também destaca a importância do produtor rural no ciclo alimentar e na economia.
Neste sentido, o Jornal Correio do Povo do Paraná homenageia a Associação da Feira do Produtor Rural de Laranjeiras do Sul (Afelar), que do início, do galpão de madeira e na rua, à sede no coração da cidade, levam semanalmente além de produtos de qualidade, bom atendimento e alegria.
História
A Associação da Feira do Produtor Rural de Laranjeiras do Sul (Afelar), teve sua constituição legal firmada em 29 de outubro de 2001, contudo, a mobilização social dos agricultores remonta desde os anos de 90.
Os produtores rurais familiares traziam seus produtos até o centro da cidade, onde em feira improvisada, realizavam a comercialização sem suporte infraestrutural. Ao longo dos anos o pequeno grupo de produtores, tendo em vista as dificuldades crescentes, por falta de infraestrutura e em decorrência da necessidade de melhor atender seus clientes, entenderam que teriam que se organizar em uma associação para conseguir ser ouvidos e atendidos pela gestão pública.
Após certo tempo, conseguiram enfim uma sede legal para comercialização dos seus produtos, estruturada em boxes que permitiram melhor atender seus clientes e as condições enquanto produtores familiares. Inicialmente o espaço cedido ficava na rua Coronel Guilherme de Paula, em frente ao atual banco Bradesco, em um barracão de madeira, e o chão batido recoberto com maravalha.
Como o espaço não pertencia ao setor público, encerrada a concessão de uso do espaço, os agricultores acabaram por ficar alocados na rua, durante aproximadamente três anos, montando e desmontado suas barracas nos arredores do ginásio Laranjinha e então, através de emenda parlamentar, a prefeitura recebeu recurso que possibilitou a construção do atual mercado municipal, efetivando assim um lugar fixo de comercialização para os produtos oriundos da agricultura familiar.
Além de alimento
Quem passa pela Afelar, diariamente encontra os tricôs da dona Sirlei Terezinha Kapazi. Tão receptiva e animada, ela relembra que seu início na feira foi mediado por um convite da Assistência Social. “Aqui, normalmente são comercializados produtos vindos da agricultura. Em 2019, fui convidada pela secretária Regiane Castro para expor meus produtos e desde então, estou aqui a semana toda, junto da Eliane”, explica.
Um detalhe apresentado pela dupla é a perseverança assídua. “Se ao primeiro dia sem vender desistíssemos, hoje não estaria com meu carro e faculdade pagos. O que a feira proporciona é, sem dúvidas, imensurável”, destaca Eliane.
Boa vizinhança
Ao passar pela feira, Sirlei cumprimenta as vizinhas das salas como se fossem parte da família. E são. Anos de trabalho unem os produtores.
Mesmo com um pouco de vergonha, dona Nelci dos Santos Prazeres e Rosana Dallagnol Martins relembram o início, antes da sede atual. “Somos persistentes. Desde o início expondo os produtos de qualidade. Em todo esse tempo, fizemos grandes amizades e com certeza, levaremos para a vida”, disse Rosana.
Fruto da feira
Finalizando o expediente, dona Elisabete Peschisky Humeniuk, esposa do presidente da Afelar, João Humeniuk, conta que desde o começo, dedicaram a vida à feira. Hoje, quase aposentados e com as filhas criadas, percebem quanto o trabalho mudou suas vidas. “Sempre nos dedicamos a agricultura e desde o início da feira, estamos aqui. Com o trabalho, pagamos a faculdade das nossas filhas. Já pensamos que ao aposentar, não tocaremos mais nossa sala, mas não vamos acostumar. Por enquanto, seguimos aqui”, conta Elisabete.
Evolução constante
Conforme a engenheira agrônoma, Marli Terezinha Dalmolin Kock, que acompanha a feira,
os três últimos anos foram cruciais para a efetivação da associação, porquê após 15 anos sem orientação ou assistência, passaram a receber visitas e acompanhamento técnico especializado subsidiado pela secretaria de Agricultura e Abastecimento, de maneira a conhecer a realidade de suas pequenas propriedades, através de projetos locais de fomento para estímulo de produção e agroindustrialização de seus produtos para maiores garantias de venda.
“O acompanhamento especializado e a convivência com os associados fez com que as pequenas propriedades familiares fossem melhoradas e as adequações lhes permitiram abrir novas portas e adequarem-se as exigências estabelecidas pela vigilância sanitária, sendo que algumas propriedades conseguiram enfim, implantar pequenos módulos agroindustriais”, relata.
Ela destaca que esse avanço ficou marcado pelas novas possibilidades de mercado para os produtos de origem local, produzidos artesanalmente que devidamente licenciados, passaram a concorrer em gôndolas dos mercados locais em igualdade com os produtos altamente industrializados.
Por meio da consultoria, passaram a compor parte da riqueza diversificada no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), por conta da abertura da secretaria de Educação e seu corpo técnico que em 2019, entendeu que os 28 itens estabelecidos na chamada pública fossem ampliados para 64, produzidos localmente para melhor atender as demandas nutricionais estabelecidas como metas pela gestão pública.
“Dentre as conquistas, no ano de 2020, concorreram ao fornecimento de alimentos junto ao departamento municipal, o que deu novo ânimo à associação como um todo. Assim posto, hoje a associação se organiza de maneira escalonada para realizar as entregas ponto a ponto, em 22 locais na região de Laranjeiras”, comemora Marli.
Potencial
A agrônoma enfatiza que a associação, por seu empenho, ganhou forma e foi além dos boxes do mercado municipal. “A qualidade de seus produtos passou a abastecer mercearias locais, mercados, lojas de conveniência, porque além do setor de hortifrúti, nasceram seis agroindústrias que movimentam hoje, uma pequena fatia de mercado. O potencial das propriedades tem superado muitos desafios e cada qual, dentro do grupo ostenta com orgulho os produtos com sua marca como referência a sua propriedade familiar rural”, finaliza Marli.