Sindicato dos Trabalhadores Rurais busca preços justos para fumicultores da região
Desde 2023, negociações com valor de tabela geram dificuldades para pequenos produtores. “Ainda há um longo caminho pela frente”, afirma o presidente José Brugnara
Em meio às plantações de fumo que caracterizam a região sul do Brasil, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Laranjeiras do Sul enfrenta desafios significativos na busca por um preço justo para os fumicultores locais. Com produção anual que chega a quase R$ 4 mil toneladas, o presidente do sindicato, José Antonio Brugnara, detalha sobre as atuais negociações e a importância dessas discussões para a economia local. “É preciso pensar futuramente”, disse ele.
Negociações complexas
Conforme o presidente, desde o ano passado há uma complexidade das negociações entre os sindicatos dos trabalhadores rurais, as federações e as empresas que compram,especificamente a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep) e a Confederação Nacional (Contag). “As conversas, que se estenderam de novembro a janeiro, giram em torno do fundo com as fumageiras, envolvendo a ponderação da inflação em torno de 3% e um ganho real de 1,5%”, disse ele. Brugnara ressalta a importância de evitar pagamentos fora da tabela, garantindo que o preço acordado seja obrigatoriamente respeitado. “Essas negociações não são apenas burocráticas; têm um impacto direto na economia local, especialmente em municípios como Rio Bonito, Laranjeiras, Porto Barreiro e Virmond, que são grandes produtores de fumo. O sindicato está atento às demandas dos produtores, buscando garantir que a tabela estabelecida seja seguida para evitar complicações futuras”, aponta.
Apoio do Sindicato
Com uma trajetória de mais de 27 anos no sindicato, José afirma que é necessário buscar por preço justo. Ao longo dos anos, a produção de fumo passou por transformações substanciais, incluindo uma melhoria na produtividade por pé de fumo. No entanto, a concentração do cultivo em poucos produtores levanta preocupações sobre a distribuição desigual de benefícios, especialmente para pequenos agricultores que enfrentam desafios. “Muitas famílias têm o fumo como fonte de renda principal. Por mais que no momento o preço seja bom, em caso de renegociação da sobra, as empresas pagarão mais barato, obviamente. O pequeno produtor não planta pensando apenas no peso, mas no preço. Essa é nossa preocupação”.
Desafios e tendências futuras
De acordo com Brugnara, com a ascensão de alternativas ao tabaco, como cigarros eletrônicos, surge a necessidade de explorar outras culturas. “Para quem não vê mais futuro na fumicultura, o sindicato discute programas de apoio, como o Pronaf, para incentivar a diversificação agrícola e oferecer opções viáveis. Estamos conduzindo uma importante discussão em Guarapuava, onde exploramos a possibilidade de trabalhar com chás, uma vez que observamos um aumento no consumo desse produto no mercado local”, explica.
Conforme ele, há produtores que estão se dedicando à produção de Capim-limão. O produtor utiliza uma roçadeira para cortar o Capim-limão em uma pequena propriedade. “Toda a etapa de secagem utiliza os mesmos métodos do tabaco. Assim, não há a necessidade de iniciar do zero para obter lucro”, detalha.
Renegociações
Representantes dos fumicultores e das empresas fumageiras se reuniram na última quinta-feira (25), em Santa Cruz do Sul (RS), para mais uma rodada de reuniões de negociação de preço do tabaco para a safra 2023/24. Os resultados dessa conversa ainda não foram divulgados. “Esperamos que os produtores não sofram futuramente. A luta por preços tabelados ainda está longe de acabar”, finaliza Brugnara.