Reserva do Iguaçu: Museu Regional do Iguaçu passa a ser administrado pelo município
Em negociação com a Copel por três anos, a transferência definitiva aconteceu em abril de 2024. “Cada peça do acervo carrega a essência de quem somos”, disse a diretora de Cultura, Maria Terezinha Siqueira
O Museu Regional do Iguaçu passou oficialmente para a administração municipal de Reserva do Iguaçu, marcando o início de uma nova fase na gestão de um acervo que preserva a história e a cultura da região. A solenidade que formalizou essa transição ocorreu na última segunda-feira (12), após a finalização do processo de transferência em 3 de agosto. O evento reuniu autoridades, representantes da comunidade e entusiastas da cultura local. Agora, o município é responsável por preservar e promover esse patrimônio histórico.
História
A criação do Museu Regional do Iguaçu remonta a 1987, como parte das medidas de compensação pela construção da Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga, anteriormente conhecida como Usina Hidrelétrica de Segredo. A estrutura começou a ser erguida no final da década de 1990 pela Copel, e a inauguração oficial ocorreu em 21 de dezembro de 2000.
O acervo do museu, composto por aproximadamente 4 mil peças, inclui elementos etnográficos indígenas e coloniais, além de coleções faunísticas, florísticas e documentais. Esse acervo foi reunido ao longo dos anos como parte dos Programas de Aproveitamento Científico de Flora e Fauna, Salvamento da Memória Cultural e Resgate Arqueológico, realizados durante a construção da usina.
Transferência do acervo
A transferência de responsabilidade para o município foi o resultado de três anos de negociações entre a administração municipal e a Copel. Em dezembro de 2023, a Copel lançou um edital para a transferência do direito de propriedade das coleções museológicas. Em 5 de janeiro de 2024, o município formalizou seu interesse, e em 5 de abril de 2024, foi assinado o Termo de Transferência do Acervo.
Para a diretora do departamento de Cultura, Maria Terezinha Siqueira, o Museu Regional do Iguaçu não é apenas um repositório da história de Reserva do Iguaçu, mas também um testemunho da vida das pessoas que viveram e ainda vivem ao longo do rio Iguaçu em todo o Paraná. “Receber esse acervo representou muito mais do que a aquisição de objetos; foi um ato de valorização e preservação da identidade de todos nós, que vemos esse espaço como parte integral de nossa própria história, reforçando nosso sentimento de pertencimento”.
Ampliação
A administração municipal agora assume a gestão do museu e pretende ampliar o acervo, incorporando peças que representem o tropeirismo, o Quilombo Paiol de Telhas, as Estações Ecológicas Municipais e a memória dos barrageiros, culturas que fazem parte da história local.
Além disso, o município deve cumprir uma série de requisitos estabelecidos no Termo de Transferência, como a elaboração de um projeto museográfico, um plano museológico, uma política de acervo museológico e um programa de educação museal. Esses passos são essenciais para que o museu continue operando de forma plena e acessível à comunidade.
A responsável pelo departamento também ressaltou que esse sentimento de pertencimento nos liga à história de nossos antepassados e nos lembra da responsabilidade de deixar um legado para as gerações futuras. “Cada peça do acervo carrega a essência de quem somos, o legado de nossos ancestrais e as narrativas que nos conectam. Ao preservar essas memórias, reafirmamos nossa ligação com o passado e nosso compromisso com o futuro”, afirma Maria.
Preservação e valorização
Com essa transferência, Reserva assume um papel central na preservação e valorização do patrimônio histórico-cultural da região. Segundo Maria, foram três anos de esforço para garantir que esse acervo permanecesse no município. “Agora, cabe às futuras gestões municipais o comprometimento em garantir um espaço adequado para a exposição, manutenção e ampliação desse patrimônio”, garante.
Ela concluiu destacando que a cidade tem uma rica diversidade cultural e turística a ser explorada. “O Museu Regional, juntamente com o Santuário da Reserva, são verdadeiros cartões-postais que representam nossa identidade”, finaliza.