Mpox: Organização Mundial da Saúde declara a Mpox como Emergência Sanitária Global

A preocupação atual é com a rápida propagação da doença no continente africano, especialmente na República Democrática do Congo (RDC), que registrou quase 14 mil casos e 450 mortes este ano

De janeiro de 2022 a junho de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou 99.176 casos confirmados de mpox em 116 países. No período, foram contabilizadas ainda 208 mortes provocadas pela doença. Dados do relatório de situação divulgado nesta semana pela entidade mostram que, apenas em junho, 934 casos foram confirmados laboratorialmente e quatro mortes foram reportadas em 26 países, “sinalizando transmissão contínua da mpox em todo o mundo”.
As regiões mais afetadas em junho, de acordo com o número de casos confirmados, são África (567 casos), América (175 casos), Europa (100 casos), Pacífico Ocidental (81 casos) e Sudeste Asiático (11 casos). O Mediterrâneo Oriental não notificou casos nesse período.

Emergência sanitária global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem (14) que a mpox voltou a ser classificada como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), após ter rebaixado seu status em maio de 2023 devido à diminuição global de casos. A preocupação atual é com a rápida propagação da doença no continente africano, especialmente na República Democrática do Congo (RDC), que registrou quase 14 mil casos e 450 mortes este ano, segundo o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (Africa CDC). Fora da África, a transmissão permanece em baixo nível, e a OMS se comprometeu a coordenar a resposta global, trabalhando em colaboração com os países afetados para prevenir a transmissão, tratar os infectados e salvar vidas, segundo Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS.

Número de casos é maior que notificados
A República Democrática do Congo (RDC) respondeu por 96% dos casos confirmados de mpox em junho, embora a OMS destaque que a limitada capacidade de testes em zonas rurais do país subestime o verdadeiro fardo da doença. Apenas 24% dos casos suspeitos foram testados em 2024, com uma taxa de positividade de 65%. Além disso, a OMS alerta para a expansão do vírus na África, com novos casos relatados em países como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda. Entre janeiro de 2022 e junho de 2024, dez países, incluindo a RDC, concentraram 81% dos casos globais confirmados, com os Estados Unidos liderando as notificações.

Perfil
Ainda de acordo com o relatório de situação, 96,4% dos casos confirmados de mpox (87.189 de 90.410 casos) são do sexo masculino, com uma média de idade de 34 anos (intervalo considerado de 29 a 41 anos).
“A distribuição de casos por idade e sexo permanece estável ao longo do tempo, especialmente fora da região africana, onde homens com idade entre 18 e 44 anos continuam a ser desproporcionalmente afetados pelo surto e representam 79,4% dos casos notificados.”
Entre os casos com dados referentes à idade disponíveis, 1,3% (1.161 de 92.844 casos) têm até 17 anos, incluindo 334 (0,4%) até 4 anos. A maioria dos casos confirmados com idades até 17 anos foram notificados nas Américas (709 de 1.161 casos; 61%).
Já em países historicamente afetados pela mpox, como a República Democrática do Congo, crianças com menos de 15 anos de idade representam a maioria dos casos notificados.

Vias de transmissão
Entre os modos de transmissão da doença, o contato sexual é o mais comumente relatado (19.102 de 22.801 casos ou 83,8%), seguido de contato não sexual entre pessoas. Esse padrão, segundo a OMS, persistiu ao longo dos últimos seis meses, com 95,6% (483 de 505 casos) dos novos casos relatando contato sexual.

Sintomas
Entre os casos em que, pelo menos, um sintoma é relatado, o mais comum é a erupção cutânea (88,5%), seguida por febre (57,9%) e erupção cutânea sistêmica ou erupção genital (54,8% e 49,5%, respectivamente).
“Embora as lesões nas mucosas sempre tenham sido uma característica da mpox, entre os casos expostos através de contato sexual na República Democrática do Congo, alguns indivíduos apresentam apenas lesões genitais, em vez da erupção cutânea extensa mais tipicamente associada à doença”, destacou a OMS.

Maior letalidade
No fim de junho, a OMS chegou a alertar para uma variante mais perigosa da mpox. A taxa de letalidade pela nova variante 1b na África Central chega a ser de mais de 10% entre crianças pequenas, enquanto a variante 2b, que causou a epidemia global de mpox em 2022, registrou taxa de letalidade de menos de 1%.

Vacina
Ainda nesta semana, a OMS publicou documento oficial solicitando a fabricantes de vacinas contra a mpox que submetam pedidos de análise para o uso emergencial das doses. O processo foi desenvolvido especificamente para agilizar a disponibilidade de insumos não licenciados, mas necessários em situações de emergência em saúde pública. “Essa é uma recomendação com validade limitada, baseada em abordagem de risco-benefício”, destacou a entidade. No documento, a OMS solicita que os fabricantes de vacinas contra a doença apresentem dados que possam atestar que as doses são seguras, eficazes, de qualidade garantida e adequadas para as populações-alvo.
A concessão de autorização para uso emergencial, segundo a organização, deve acelerar o acesso às vacinas, sobretudo para países de baixa renda e que ainda não emitiram sua própria aprovação regulamentar. O processo também permite que parceiros como a Aliança para Vacinas (Gavi, na sigla em inglês) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) adquiram doses para distribuição.