Tratamento do HIV em transplantados: é possível?
A secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) está investigando casos de infecção por HIV em pacientes após transplantes de órgãos
A secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) está investigando casos de infecção por HIV em pacientes após transplantes de órgãos. No Brasil, pessoas com HIV podem receber transplantes, mas não doar órgãos. Isso levanta questões sobre como o tratamento do HIV deve ser conduzido em pessoas imunossuprimidas, especialmente após o procedimento de transplante. É necessário ajustar o tratamento? Há contraindicações?
Tratamento
A CNN procurou o médico infectologista Rico Vasconcellos, do Núcleo de Medicina Afetiva (NuMA), afirma que “pacientes transplantados com HIV devem receber tratamento antiviral”. O tratamento é recomendado para todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente de sua condição clínica, estágio da infecção ou resultados laboratoriais.
Os pacientes transplantados precisam de imunossupressores para evitar a rejeição do órgão, mas isso não interfere no tratamento do HIV. Segundo Vasconcellos, a dosagem de imunossupressores pode variar de acordo com o tipo de transplante, e a interação entre esses medicamentos e os antirretrovirais deve ser monitorada para evitar complicações. Existem bases de dados que ajudam a identificar essas interações e selecionar o tratamento mais adequado.
SUS
Para realizar um transplante, pessoas vivendo com HIV devem ter o vírus sob controle, com carga viral indetectável, alcançada por meio da adesão à terapia antirretroviral (TARV). Vasconcellos ressalta que, embora o HIV possa acelerar o aparecimento de algumas doenças, como diabetes e hipertensão, uma boa adesão ao tratamento garante que a infecção não traga complicações adicionais à saúde.
A infectologista Lígia Pierrotti, da Sociedade Brasileira de Infectologia, destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) já possui experiência no tratamento de pacientes transplantados com HIV. “Eles continuam com o acompanhamento das equipes de transplante e fazem uso de imunossupressores, além da terapia antirretroviral eficaz para tratar o HIV”, explica. Segundo Pierrotti, os cuidados com a infecção e o transplante são compatíveis, e o SUS está preparado para atender esses pacientes.