Para muitos estudiosos esta palavra vem de cultuar. Para outros, cultivar. Entre uma ou outra origem, fico com a segunda. A expressão “cultura” tem sido aplicada de forma equivocada através dos tempos. Falamos de pessoas a margem da cultura ou pior, de pessoas aculturadas.
Ninguém está a margem da cultura. Todas as manifestações sociais, como artísticas, políticas, financeiras, religiosas etc. são possibilidades que a cultura oferece as pessoas que estão contextualizadas nela. Da mesma forma que nada pode estar fora do universo nada pode estar fora da cultura. As manifestações culturais não são nada mais que facetas da sociedade.
Vejamos a questão da pobreza. É interessante como a maioria de nós aborda a pobreza como algo marginal, como parte integrante de um “outro” mundo. Estamos diante de uma visão equivocada da realidade. A pobreza faz parte da cultura humana e “acabar” com a pobreza é modificar a própria ideologia da sociedade tornando-a mais democrática e justa.
Basicamente encontramos dificuldades em erradicar a pobreza de nosso meio pela forma distorcida como a encaramos. Esquecemo-nos que não basta elevar salários ou distribuir cestas básicas para a erradicação da mesma, mas é necessário educar o povo de forma plena e democrática. Não basta tirar as pessoas do meio da pobreza é necessário tirar a pobreza do meio das pessoas.
Portanto, a pobreza não é um acidente de nossa cultura mas o resultado de nossa política econômica e social. E quando falo nossa estou referindo-me a todos nós. Pois em nossas escolhas mais íntimas e pessoais acabamos produzindo uma ideologia de consumo onde poucos conseguem acompanhar e permanecer dentro da margem consumista de nossa sociedade. A discriminação social está no ar e ela cheira mal.
Jure et facto.