Será o começo do fim do financiamento agrícola?

Apesar dos anúncios de Plano Safra maiores a cada ano, esse aumento não tem sido suficiente para suprir uma demanda crescente por crédito.
O consultor Jonatas Pulquério do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), acredita que o modelo de financiamento tradicional, mediante crédito subsidiado, causa dependência excessiva no Governo, limita a sua capacidade de atuação e restringe a busca de outras soluções para o financiamento do setor.

Como alternativa para uma nova política agrícola brasileira, Pulquério sugere a migração do crédito subsidiado para a gestão de riscos, governança no campo e fortalecimento do mercado privado de financiamento. O consultor destacou ainda a importância do seguro rural para a mitigação dos riscos de produção, proporcionando maior previsibilidade e segurança das safras. Acontece que o Proagro, programa do Governo Federal para cobrir perdas de safra dos produtores rurais, sofreu muitas mudanças, especialmente as alíquotas de contratação. Conforme nos explicou o engenheiro agrônomo da Coprossel, Rogério Dapont, os impactos podem ser significativos para as safras futuras. Para produtores na faixa Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural, Pronamp, o custo de contratação subiu de 12% para 23%. Para segurar uma lavoura no valor de  R$100.000,00, o produtor deve desembolsar R$23.000,00, que inviabiliza o seguro para o médio produtor. Para produtores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, Pronaf, a alíquota ficou em 12%, metade do percentual do Pronamp, mas ainda elevada. Outra questão importante foi a mudança nas faixas de cobertura do seguro. Ao passo que o Proagro cobria até 100% dos danos, hoje é um limite de 80% do valor financiado, com uma “franquia” de acionamento de 5%. Para a lavoura de trigo, importante cultura de inverno da nossa região, as alíquotas de seguro também subiram, com o agravante que é coberta apenas a perda de produção, ficando de fora a qualidade, importante fator de formação de preço na hora da venda.