Datafolha: pesquisa aponta percepção de piora na economia durante 3º mandato de Lula
Percepção negativa chega a 55% e bate recorde no terceiro mandato; inflação e desemprego reforçam o pessimismo
A avaliação da economia brasileira piorou entre os cidadãos, segundo levantamento mais recente do Instituto Datafolha. Divulgada no último sábado (05), a pesquisa revela que 55% dos entrevistados acreditam que a situação econômica do país se deteriorou nos últimos meses — o maior percentual registrado desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O índice representa um aumento de 10 pontos percentuais em comparação com o levantamento anterior, realizado em dezembro de 2024.
O estudo foi realizado entre os dias 1º e 3 de abril de 2025, pouco tempo após a divulgação da inflação de fevereiro, que fechou em 1,31% — a maior variação para o mês em mais de 20 anos. O cenário econômico, que mescla dados positivos e negativos, parece não ter sido suficiente para conter o avanço do pessimismo.
Foram entrevistadas 3.054 pessoas em 172 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Jovens e classes mais altas são os mais pessimistas
A maior mudança na percepção da economia foi observada entre os que antes viam o cenário como estável: esse grupo caiu de 31% para 23%. Já os que acreditam em uma melhora econômica mantiveram-se estáveis, com 21% das respostas.Os grupos mais críticos são os jovens de 16 a 24 anos (61%), pessoas com renda superior a dez salários mínimos (60%) e aqueles com ensino médio completo ou incompleto (60%).
Expectativas para o futuro também preocupam
Quando questionados sobre os próximos meses, 36% dos entrevistados acreditam que a economia tende a piorar — aumento em relação aos 28% que tinham essa mesma visão em dezembro. Para 32%, a situação deve permanecer igual, enquanto apenas 29% mantêm expectativas de melhora.Apesar disso, houve uma leve queda no temor em relação à inflação: 62% esperam aumento nos preços, cinco pontos percentuais a menos que no final de 2024. O grupo que acredita em queda da inflação subiu de 9% para 14%.
Salários e empregos ainda são fonte de incertezas
A percepção sobre o poder de compra também segue negativa. Para 37% dos entrevistados, os salários devem perder valor real nos próximos meses — um pequeno recuo em relação aos 39% registrados anteriormente.Já sobre o desemprego, a maioria segue preocupada: 43% preveem alta na taxa, 33% acreditam que a situação vai se manter estável e apenas 21% enxergam um possível recuo no número de pessoas sem trabalho.Essa visão negativa ocorre mesmo diante de dados oficiais positivos. O IBGE registrou uma taxa de desemprego de 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro — ainda considerada baixa. Além disso, o Caged informou a criação de 431 mil postos de trabalho com carteira assinada no mesmo período, o melhor resultado desde o início da série histórica em 2020.