Mesmo com alta no preço, aumento das áreas de trigo no Paraná será pequeno
Em entrevista ao Correio do Povo, o especialista em trigo do DERAL, Carlos Hugo Winckler Godinho, explicou que outros grãos ainda tem maior lucratividade
A invasão russa à Ucrânia gerou altas expressivas nas cotações do trigo ao redor do mundo. Em Chicago, por exemplo, os preços se aproximam dos maiores níveis da história.
A alta acontece porque o conflito é na região que concentra os maiores excedentes exportáveis de trigo do mundo. A saída desses países do comércio internacional obrigará um redirecionamento da demanda para outros grandes fornecedores. Os Estados Unidos, e o Canadá, estão com quadros de oferta e demanda bastante ajustados na temporada 2021/22, um procura maior pelo cereal, gera impacto direto nas cotações em Chicago.
Rússia e Ucrânia juntas produzem 14% do trigo global e fornecem 29% de todas as exportações de trigo. Mesmo que estes dois países não sejam grandes fornecedores do Brasil, haverá impacto, pois o corte da disponibilidade de trigo exportável e a manutenção da demanda tendo em vista que o grão é um alimento de consumo diário em praticamente todo o mundo, fazem os preços se elevarem globalmente. Sem o maior e o quarto maior vendedor do produto, os compradores buscam alternativas, como a Argentina, que fornece quase 90% do trigo importado pelo Brasil.
No Paraná
Em entrevista ao Correio do Povo, Carlos Hugo Winckler Godinho, especialista em trigo do DERAL, explica que os preços de balcão para o trigo no Paraná ultrapassaram o patamar de R$ 100. “Esse aumento vem em um bom momento para o produtor paranaense, já que os custos estimados para esta safra, em fevereiro, mesmo antes dos conflitos do mar negro eram R$ 93”.
O especialista lembra que até então, os preços praticados no Estado em dezembro, janeiro e fevereiro eram de aproximadamente R$ 90, e deixavam o produtor no negativo. “Agora com o atual preço finalmente há uma certa lucratividade e com isso há a possibilidade inclusive de incremento de áreas em algumas regiões do Paraná”.
Mesmo com a alta no preço, o aumento de áreas de trigo ainda deve ser pequeno pois além do trigo, outros grãos também apresentam atratividade e maior rentabilidade ao produtor, como é o caso do milho safrinha que deve dominar principalmente as regiões norte e oeste do Estado, onde ele foi plantado inclusive dentro do calendário, facilitando a implantação da cultura em um contexto agronômico melhor. “Esperamos que haja incremento nas regiões mais frias, como no centro-sul, sul e sudeste”.
2021
Em 2021, as geadas e a seca que assolaram o Paraná não permitiram uma produção cheia e para Carlos Hugo, talvez neste ano não se tenha um investimento tão grande do produtor na questão dos fertilizantes, o que pode levar às produtividades relativamente menores.
“Devido a seca que afetou a soja, é possível que parte dessa fertilidade ainda esteja no solo, tornando propício pra ser usado para o trigo, especialmente os de baixa mobilidade potássio e o fósforo” salienta o especialista.