Dia do Motorista: aquele que mantém o país em movimento

Para celebrar essa data especial, apresentamos a perspectiva de quatro profissionais da região, os caminhoneiros Paulo Gandin, Clodoaldo Camargo, Gilmar Basso, e Emanueli Viola, que é motorista de ônibus

Hoje (25), celebramos o ‘Dia do Motorista’, uma data especial dedicada a reconhecer o trabalho daqueles que garantem o transporte de mercadorias e pessoas, mantendo a economia e a mobilidade urbana em movimento. Esta data também homenageia São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, e foi oficialmente instituída em 21 de outubro de 1968 pelo Decreto nº 63.461. Aqui, mostraremos um pouco da visão desses profissionais que, diariamente, estão com o ‘pé na estrada’. Entre eles, destacam-se os motoristas de carreta Paulo Gandin, Clodoaldo Camargo, Gilmar Basso e Emanueli Viola, que é motorista de ônibus.

Setor vital

Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o Brasil contava com mais de 74 milhões de condutores habilitados em 2023. Dentre eles, destacam-se caminhoneiros, motoristas de transporte público e profissionais que atuam em aplicativos e plataformas digitais. Este último grupo, em particular, cresceu significativamente, com 1,5 milhão de trabalhadores em 2022. Mesmo com a redução no número de caminhoneiros nos últimos anos, o setor de transporte rodoviário continua sendo vital, representando mais de 4 milhões de pessoas, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Histórias ´pé na estrada’

  • Paulo Gandin

Motorista de carreta, Paulo Gandin de 55 anos, percorre há pelo menos 15 anos as estradas do Paraná e do Brasil. Natural de Porto Barreiro, casado e pai de dois filhos, é avô da pequena Emanueli, sua principal motivação para voltar para casa. “A saudade da Manu faz com que eu sinta a necessidade de retornar logo”, diz Paulo.

Ele enfrenta diversos desafios na profissão, como estradas ruins, pedágios caros e a falta de manutenção das vias. “O caminhão quebra e a gente fica parado na beira da pista, muitas vezes sem ninguém para ajudar. A insegurança quanto ao risco de assaltos também é um grande problema”, afirma.

Mas, Paulo critica a visão de vitimismo associada à profissão: “Não gosto dessa ideia de vitimismo. Toda profissão tem suas dificuldades.” Ele também enfatiza que, apesar de cumprir horários rígidos, o processo de descarregamento pode ser complicado e demorado. “É uma novela”, assegura o motorista.

Porém, a profissão também tem seus privilégios. “Um caminhoneiro autônomo consegue viver bem. Não é uma vida de luxo, mas é uma vida digna, e isso é o mais importante que posso proporcionar para minha família”, conclui.

  • Clodoaldo Camargo

Clodoaldo Camargo, 41 anos, nasceu em Rio Bonito do Iguaçu e é motorista de carreta há 15 anos. Para ele, a profissão é uma escolha de vida que, apesar dos desafios, traz um profundo senso de orgulho. “A vida do caminhoneiro não é fácil. Muitas vezes ficamos longe de casa, e nossa profissão é desvalorizada”, diz Clodoaldo.

Ele destaca o lado mais difícil da profissão. “O mais complicado é a distância da família e as longas horas na estrada. É exaustivo e mexe muito com o nosso emocional”. Contudo, Clodoaldo vê o caminhoneiro como um pilar essencial para o Brasil. “Para mim, ser caminhoneiro é fundamental. É a profissão que escolhi para sustentar minha família, garantindo alimentos, remédios e muitos outros produtos essenciais”.

Com sua dedicação ele exemplifica a importância e o orgulho de uma profissão muitas vezes invisível, mas vital para o funcionamento do país.

  • Gilmar Basso, o nego do Marau

Conhecido como Nego do Marau, Gilmar Basso, viveu por muitos anos em Porto Barreiro e atualmente reside em Laranjeiras. Ele é motorista de carreta com mais de 15 anos de experiência. “É mais de uma década e meia viajando pelo Brasil. É um orgulho para nós, caminhoneiros, contribuir para o transporte e desenvolvimento do país,” diz ele.

Ele reconhece os desafios e as recompensas da profissão. “Temos momentos bons e difíceis. Muitas vezes ficamos longe de nossas famílias, mas continuamos fazendo o que sabemos e gostamos”.

Para Gilmar, essa dedicação é o que o motiva a superar as dificuldades diárias. “Isso nos dá força para enfrentar as adversidades. No final, tudo se resolve”.

Gilmar também faz uma homenagem à profissão. “Feliz Dia dos Motoristas a todos, sejam homens ou mulheres. Um grande abraço!” finaliza.

  • Emanueli Viola

Emanueli Viola, 32 anos, é uma advogada e motorista de ônibus que, com orgulho, desafia estereótipos em sua profissão. Natural de Porto Santana, é casada, mãe de dois filhos e começou a dirigir ainda jovem. “O gosto pela estrada e pelo volante já vem de berço. Desde criança, eu dirigia no colo do meu pai. Isso era uma grande alegria para mim”, lembra ela.

Formada em Direito pela Faculdade Campo Real de Guarapuava, Emanueli encontrou no volante uma paixão que acompanhou sua trajetória profissional. “Conheci meu marido Alonso quando ele era o motorista que me levava para a faculdade, e nesse período nem imaginava que seria meu esposo. Juntos, nosso amor pela estrada se tornou um projeto de vida”, diz.

Ela conquistou habilitações para categorias A, B, D e E, e atualmente atua como advogada em Laranjeiras do Sul e como motorista na empresa de transporte Woltur.

A profissional reflete sobre os desafios de ser uma mulher em uma profissão predominantemente masculina: “Ser uma mulher na estrada é desafiador, mas encaro isso com leveza. A maternidade e as responsabilidades em casa são desafios comuns a qualquer profissão”, destaca.

Apesar das surpresas e olhares que recebe ao dirigir um ônibus, Emanueli vê isso como um incentivo. “Essas reações me estimulam a mostrar que mulheres podem conduzir veículos de grande porte com responsabilidade e segurança”, afirma.

Ela se orgulha de ver mais mulheres na profissão e valoriza a admiração que recebe. “Eu amo viajar e sou extremamente feliz no que faço. É um orgulho para eu fazer parte dessa classe e ver mulheres se destacando na área de transporte”, conclui.

Benção em automóveis

Em Laranjeiras, a igreja Matriz Sant’Ana realiza hoje sua tradicional bênção de automóveis, uma prática anual. Filas de carros, motocicletas, caminhões e ônibus se formam em frente ao pátio da igreja. Dois padres conduzem a bênção, estendendo sua oração tanto aos veículos quanto à vida dos motoristas, em um gesto de homenagem e fé.

Homenagem

Neste Dia do Motorista, além de celebrar a importância desses profissionais, é essencial reconhecer o papel vital que desempenham em mover o mundo. O Jornal Correio do Povo do Paraná destaca que são eles que, com dedicação e perseverança, enfrentam os desafios diários nas estradas para garantir que mercadorias e pessoas cheguem aos seus destinos com segurança. Seja transportando alimentos, medicamentos, ou facilitando o deslocamento urbano, esses motoristas são fundamentais para o funcionamento da sociedade. Eles não apenas movem cargas e passageiros, mas também carregam consigo a responsabilidade de manter o país em movimento. Feliz Dia do Motorista, a todos que, com seu trabalho incansável, ajudam a construir o nosso progresso.