Fake news e relatividade

Será que existem meias verdades ou meias mentiras? E uma porta meia aberta, será possível? Uma porta meia aberta é aquela porta em duas partes cuja parte superior ou interior encontra-se aberta e a outra fechada. E as meias anteriores, como ficam?

Existe uma grande indústria da desinformação e de articulações espúrias no Brasil. Já foi dito que a base do poder é o controle da informação. Agora, se a base da informação provier de premissas falsas ela será falsa. Precisamos considerar que a intenção de quem transmite a informação nunca será neutra. Pois, são os interesses econômicos, políticos e ideológicos subjacentes à informação que acabam por definir o que será de domínio público e o que não será, o que interessa publicar e o que não interessa.

Massimo Cacciari no Dialoghetto sulla sinisterita coloca na boca do personagem Filipoli a seguinte frase: “A igualdade que torna possível a diversidade, que torna possível a cada um valer como pessoa – mas não é, evidente, aquela abstrata a totalitária ideia de igualdade que significa a eliminação dos não-iguais”. (“Direita e Esquerda” de Norberto Bobbio). Infelizmente a falta de informação e de formação política possibilita a utilização de importantes movimentos populares agrários para fins pessoais e de grupos cujos motivos estão muito longe daqueles idealizados como terra para quem quer plantar e produzir.

Querer a igualdade à força, como se isso fosse a pedra de toque que resolveria todos os problemas sociais, pode nos levar à beira do fascismo e do totalitarismo e, talvez, mais além. Reconhecer ou não direitos sobre a terra baseado somente em ideologias de direita ou de esquerda é tentar construir uma relação social urbana e rural instável em que o direito a posse depende de quem está no poder e não num conjunto de leis que disciplinam as relações sociais.

Jure et facto.