L’État, c’est moi

Este é um ditado apócrifo (fake) atribuído a Luís XIV, rei da França e Navarra, que teria sido dito em 13 de abril de 1655 perante o Parlamento de Paris. Teria dito isso para demonstrar que ele e o Estado francês eram um só, pois o Parlamento francês estava dando mostras de estar em desacordo com as decisões que o rei estava tomando.
Podemos contrapor as palavras do presidente americano Abraham Lincoln quando disse que “Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo” em relação as palavras que o ditador italiano Benito Mussolini proferiu na Câmara dos Deputados no dia 26 de maio de 1927, demonstrando a ideologia do fascismo: “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”.
Considerando o até aqui dito, podemos entender que a democracia é totalmente irreconciliável com o fascismo, pois partem de pressupostos diferentes e atingem objetivos diferentes. Guardando as devidas diferenças, o fascista age quase como um Luís XIV ou por considerar-se o Estado ou por considerar-se seu representante máximo agindo como se dono do Estado fosse. Também não tolera outras visões de realidade, pois a realidade para ele é uma só a dele.
Mas o que podemos pensar sobre essa situação em relação a uma democracia senão que a vontade do presidente, apesar de eleito, deve estar subordinada à vontade do povo? Mesmo porque estamos falando de uma democracia e não de uma monarquia, teocracia ou ditadura. Porém, ultimamente temos enfrentado uma porção de presidentes que gostam de conjugar a expressão L’État, c’est moi.
A democracia desse ser considerada tanto uma conduta pessoal quanto um regime de governo. Deve ser construída considerando que as pessoas são diferentes entre si, mas juridicamente iguais perante a Constituição Federal. E essa constituição não tolera bizarrices de presidentes ou quaisquer outras pessoas que a querem tratar com desrespeito e vilania.