Quid est veritas?

Diante de uma afirmação de Jesus, o procurador romano Pilatos perguntou para Jesus “Quid est veritas?, ou “O que é a verdade?”

Como definir o que é verdade considerando que todos dizem possuí-la? É possível termos mais que uma verdade? É possível coisas opostas serem simultaneamente verdade? Muitos conflitos, em especial religiosos, ocorreram e ocorrem onde os envolvidos tentam demonstrar que sua visão de mundo é a única correta e que todas as demais pessoas devem se submeter a ela.

Podemos dizer que a verdade é como cada pessoa define a realidade (realitas = coisa, em latim) que se apresenta diante dela. Dessa forma, para um religioso e para um ateu a mesma realidade (coisa) possui significados (verdades) absolutamente contrárias e até mesmo fundamentalmente irreconciliáveis.

A realidade entendida como a forma física com que as coisas se apresentam é rigorosamente igual para todos como, por exemplo, a consistência de uma maçã. Ideologizar a realidade é o mesmo que tentar processar a gravidade como incursa no crime de preconceito contra as pessoas com sobrepeso sob a alegação de prejudicá-las em sua movimentação. A realidade é física e natural, já a verdade é um conceito construído de mundo.

As pessoas tendem a confundir realidade com verdade, inclusive usando os termos como sinônimos. Porém, ao entendermos como sendo tecnicamente diferentes, fica mais fácil definirmos os limites de cada visão de mundo e sua implicação quando desenvolvida numa comunidade.

A pergunta de Pilatos a Jesus refere-se a missão deste último, missão esta que será entendida nos evangelhos e nas subsequentes cartas dos apóstolos às comunidades cristãs da época. Essa é uma verdade espiritual que ainda não foi inteiramente respondida e, consequentemente, aceita.

—-Jure et facto.