Bora melhorar seus relacionamentos?

“A CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas”

Vivendo neste mundo contemporâneo, observamos cada vez mais a intolerância e a nossa propensão a rapidamente julgar e condenar o outro. A polarização política que parece se espalhar por todo o planeta é mais um sintoma do que uma causa, desses tempos sombrios. As pessoas seguem se dividindo entre aqueles que tem opinião para tudo e para todos e aqueles que, sentindo-se tolhidos, abrem mão da liberdade de se expressar sobre qualquer coisa, com medo de retaliações.

Cada um em seu extremo. Ambos infelizes. Neste sentido, cumpre-nos lembrar que há outras formas de viver e de se relacionar. A matéria da página 10, desta edição, traz um tema importante e que merece atenção. Trata-se de uma breve apresentação da técnica chamada Comunicação Não Violenta – CNV.

A CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas. Como assinala seu criador, Marshall Rosemberg, ela não tem nada de novo: tudo que foi integrado à CNV já é conhecido há séculos. O objetivo é nos lembrar do que já sabemos — de como nós, humanos, deveríamos nos relacionar uns com os outros — e nos ajudar a viver de modo que se manifeste concretamente esse conhecimento.

A CNV nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros. Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando. Somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo que damos aos outros uma atenção respeitosa e empática. Em toda troca, acabamos escutando nossas necessidades mais profundas e as dos outros. A CNV nos ensina a observarmos cuidadosamente (e sermos capazes de identificar) os comportamentos e as condições que estão nos afetando. Aprendemos a identificar e a articular claramente o que de fato desejamos em determinada situação. A forma é simples, mas profundamente transformadora.

Marshall acredita que é da nossa natureza gostar de agir de forma compassiva. Assim, durante a maior parte de sua vida, ele se preocupou com duas questões: o que acontece que nos desliga de nossa natureza compassiva, levando-nos a comportamentos violentos e baseados na exploração das outras pessoas? E, inversamente, o que permite que algumas pessoas permaneçam ligadas à sua natureza compassiva mesmo nas circunstâncias mais penosas?

São questões complexas, mas que a CNV apresenta de maneira simples e didática. Eis uma importante ferramenta que pode transformar relacionamentos com os outros e até consigo mesmo. Boa leitura!