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A campanha Agosto Lilás continua proporcionando eventos e atividades pelas cidades da Cantu. No último dia 18, Foz do Jordão deu seu exemplo de atenção e conscientização por meio da campanha, promovendo o evento ‘Vozes do Silêncio’, para discutir a violência contra a mulher, fato alarmante se considerado os dados atuais de violência e feminicídio no país.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a cada sete horas uma mulher é vítima de feminicídio. Somente no ano passado, 1.341 casos foram registrados. No Paraná, em 2021, foram registrados 42.539 casos de violência doméstica contra a mulher. Nesse ano, até junho, foram 95 novos casos de feminicídio no estado.
Quantos de nós desconhecem este tipo de violência que ocorrem na rua ou bairro onde moram. Às vezes na própria família. Sabe aquela frase “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”, então, acontece que atualmente é preciso sim meter a colher. E ficar atento aos detalhes de um relacionamento tóxico, tentar falar a sós com a vítima e ajudá-la, se necessário, a conseguir uma medida protetiva contra o agressor.
Parece demais? Encare os números acima. Às vezes, basta uma palavra, uma orientação para encorajar uma mulher a seguir os seus direitos. É importante também prestar apoio, principalmente se a situação se agravar após a tomada de uma determinada ação, como uma medida protetiva, ou até um boletim de ocorrência por conta de agressão. Ninguém em sã consciência gostaria de ver a irmã ou a mãe sofrendo abusos físicos ou psicológicos, muito menos vê-las sem vida, sabendo que uma atenção maior aos detalhes, e a ajuda no momento certo, poderia ter evitado uma tragédia.
Analisemos outro ponto: a omissão. Por vezes, usada como desculpa por homens e mulheres para repararem sua falta de atitude para ajudar uma mulher vítima de violência. Abuso permanente por conta da omissão dessas vítimas e também das pessoas que sabem, mas não fazem nada. Mas por que isso acontece?
Importante examinar a cultura machista que, perpetuada durante anos no seio das famílias brasileiras, normaliza atitudes e reações violentas contra a mulher. E dessa forma, pais, irmãos, primos e amigos estimulam, mesmo que indiretamente, um ciclo de descaso e violência que só cresce até desfechos fatais.
Com isso, vale ressaltar, que nossa parte deve ser feita principalmente por meio do comportamento no cotidiano. Como tratamos mulheres, em que posição nós (homens e mulheres) as colocamos em nossa vida, na família, entre amigos. Não basta verificar o problema da violência quando a vítima já se encontra no ápice da resignação. Atos e palavras influenciam a construção de uma sociedade melhor. Talvez o primeiro passo no combate à violência contra a mulher seja a mudança dos nossos atos. Será que todas as mulheres sabem dos seus direitos, ou dos seus valores como pessoa?