Novo governo, boicote e dona Maria

O tempo dirá se foi a melhor decisão para o país

O segundo turno das eleições, ocorrido no dia 30 de outubro, não terminou no dia 30 de outubro.  Basta dar uma olhada nas redes sociais para ter noção de como estamos dançando à beira do abismo. Haja Engov para tanto mal estar.

Embora para nós seja claro o quanto a ingerência do Tribunal Superior Eleitoral tenha contribuído para o resultado do segundo turno, tornando o STF uma instituição tremendamente desmoralizada, as urnas tiveram um vencedor. E ponto.

As palavras do general Mourão, eleito senador, nosso vice-presidente e provável portador da faixa presidencial merecem ser repetidas. “Manifestações deveriam ser maciças quando liberam o Lula para concorrer. Agora é tarde”.

O tempo dirá se foi a melhor decisão para o país. Sim, é preciso ser dito, que como meio de comunicação, tememos a perda de liberdade, a regulação da mídia, dentre várias ameaças que foram ouvidas durante a campanha. Como empresários nossa preocupação recai sobre uma visão de governo que quer “mais estado”, pois entendemos que um estado mais gordo e inchado do que já temos, significa mais impostos e acima de tudo mais oportunidade para roubar e corromper.

Mas o nosso querido povo brasileiro não entendeu assim. E aos 78 anos, Lula terá uma oportunidade histórica de limpar sua biografia. Como bem disse o prefeito de Chapecó-SC, “sigo sendo brasileiro, usarei a bandeira nacional e vou torcer muito para o novo governo do PT provar que eu estava errado”.

Com este espírito é que apresentamos a matéria sobre o boicote às empresas locais.  Vários empresários fugiram do jornal como o diabo da cruz, com medo de que falar sobre o assunto aumente ainda mais a discriminação. Dorival da Remacon, preferiu o estilo Elke Maravilha “falem bem ou falem, mal, mas falem de mim”.

Boicotar comércio por conta do posicionamento político do dono, devemos deixar claro, não é uma prerrogativa da direita. Quem não se lembra do dono da Havan e seu estiloso termo verde? Várias lojas do empresário chegaram a ser alvo de depredação. Mas adivinhem? O faturamento dele mais que dobrou nos últimos anos.

Agora uma coisa é boicotar uma mega empresa, nas capitais. Outra bem diferente é deixar de comprar o queijo da dona Maria (fictícia) porque ela tem uma opinião política diferente da sua. Em pequenas comunidades dependemos uns dos outros e ações de ódio e intolerância só mostram o baixo nível de civilidade do nosso tempo.

Pode ser que ao ler a nossa matéria, você se sinta tentado a conhecer a lista e é até fácil conseguir. Mas é sempre bom lembrar que pau que dá em Chico, dá em Francisco e que o “nós contra eles”, acabou ou deveria ter acabado no último domingo. Exercer a cidadania e fiscalizar o novo governo é que se espera de eleitores conscientes.  De empresários também.