Rebolcam-se em todo lugar os Espíritos atormentados.
Instilando revoltas e assoberbando-se por nonadas, fazem-se perseguidores, perseguidos pelas idéias infelizes que lhes explodem no âmago em fogaréu.
Temo-los vivenciando as experiências do além túmulo, como os encontramos mergulhados nas densas expressões do corpo físico. Vemo-los entre os desassossegados da sensibilidade, constantemente insatisfeitos com tudo o que se lhes defronte. Desesperam-se por quaisquer ninharias, estadeando desastres que existem apenas enquanto vitalizados por suas mentes superexcitadas…
Exprimem impressões que envenenam; a maledicência lhes é formidável nutrição, extraída do tonel das leviandades que se acostumaram a cultivar. Não há amizades que os emocione positivamente ou inimizades que lhes mereçam a consideração do perdão e do entendimento. Aturdem-se com a presença dos desafetos quanto deixam vazar impropérios quando os não têm sob as vistas…
São desequilibrados e não o sabem, possivelmente!
Conseguem identificar defeitos e danos; ninguém é capaz de realizar ou construir algo melhor do que eles mesmos o fariam… Acham sempre razões para não darem razão a ninguém. Paralisam no fosso do despeito em erupção constante… Mergulharam nos pauis infectos dos sentidos e se comprazem com a baba lamacenta das forças genésicas perturbadas, em caóticas e tresloucadas aventuras. Dobram-se sobre os altares de ídolos enlouquecedores, que se fazem modelos de ruínas morais, violentando-lhes os valores acumulados na alma, em processo de elaboração, nas suas débeis conquistas.
Estão em perene estado de desassossego íntimo. Os amores são fugidios, como são fugidias suas crises de afetividade. Em verdade, a ninguém querem, a ninguém amam. O que desejam, na sofreguidão que os caracteriza, é se locupletarem na taça de sensações fortes, que os arremetem para a loucura e para crimes nefandos.
Atormentados, não respeitam a ética nem os valores sociais amealhados e conquistados pela comunidade social, ao longo de pronunciadas lutas e providências. Por tudo que veem ou passam a conhecer, em desacordo com suas idiossincrasias, culpam a sociedade, desconhecendo que o todo, naturalmente, reflete as partes, ainda sob a pressão do progresso atribulado e infeliz.
Esses nossos irmãos estão a rogar, com suas atitudes de delírio infernal, com seu desgoverno e seus trismos, caracterizadores de tormenta, a bênção da nossa atenção cristã, quando nos busquem, por inconformados com a insanidade e com a dor. Em verdade, sofrem e sofrem muito…
Desejariam ter paz. Almejam reconforto íntimo e o não conseguem, em virtude da própria negligência ou da indisciplina espiritual alimentada ao longo da vida. Para eles as nossas orações, dirigidas ao Criador, nossa vibração fraternal de compreensão e ajuda, quando não pudermos interferir direta e palpavelmente, de vez que, por nosso turno, ainda conduzimos nossa safra de enfermidades espirituais, matriculados, temporariamente, nos currículos de outras provações.
Estudemos as mensagens do Consolador. Elas nos falam de libertação, de renovação e de bênçãos de paz. Procuremos ascender, no continuado esforço para o Bem, afugentando-nos gradualmente, do carreiro das alucinações e das misérias da alma, a fim de que, desde hoje, iniciemos a escalada de saúde e harmonia, sobe a custódia de Jesus, deixando para trás os tempos de enfermidades a agonias, de desesperos e lágrimas.
Diante do companheiro atormentado, tolerância abundante, demonstrando o quanto de equilíbrio já nos enriquece, auxiliando-o como pudermos e o quanto nos permitam as forças do Espírito. Ninguém se detenha, contudo, se o irmão enfermo desdenhar a cooperação fraternal. Avançar adiante será a palavra de ordem, entregando-o às sublimes Leis de Deus, que tudo corrigem e tudo conduzem, a seu tempo.
Arrostemos as justas injunções purgativas do caminho, intimoratos, libertando-nos da malfadada vala onde chafurdam os atormentados, buscando a luz do Mais Alto.
Livro: CINTILAÇÃO DAS ESTRELAS. Camilo (Espírito), psicografia de José Raul Teixeira. Fráter Livros Espíritas. Niteroi – Rio de Janeiro – RJ. 2ª Ed. 2010.
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza – CEAC – Guaraniaçu – PR manoelataides@gmail.com