Despertamento para a verdade

Ilude-se aquele que supõe que o encontro com a Verdade impedirá a ocorrência de problemas e desafios na jornada da evolução.

Engana-se quem pretende viver experiências elevadas sem enfrentar as lutas do cotidiano, apenas por estar vinculado ao Espírito da Verdade.

Desperdiça o tempo quem acredita estar livre do sofrimento apenas porque se voltou para as lições libertadoras da Verdade.

Equivoca-se quem, abraçando a Verdade, espera desfrutar de privilégios e prazeres contínuos.

Defrauda a consciência aquele que pretende uma vida de exceção, longe da dor e das provas necessárias, apenas por aderir à Verdade.

Mente para si mesmo quem espera uma existência pacata, repleta de experiências espirituais, sem os choques do mundo, agora que encontrou a Verdade.

Não há exemplo de alguém que tenha despertado para a Verdade e, por isso, modificado sua trajetória reencarnatória, passando a gozar de dádivas especiais que o tornariam um eleito.

Pelo contrário, a Verdade conduz à maturidade espiritual, à libertação da ignorância sobre a vida, demonstrando que estamos na Terra — um mundo transitório, momentâneo — programado para o retorno ao Grande Lar, após vencidas as etapas de progresso necessárias ao trajeto físico.

À medida que o ser se eleva, mais clara se torna sua compreensão da vida e de suas ocorrências, motivando-o a empreendimentos contínuos de paz e de construção da solidariedade.

Não espera que o mundo mude; antes, muda a si mesmo em relação ao mundo, tornando-se referência para futuras transformações que favorecerão a renovação da sociedade.

Já não se escraviza a pessoas e coisas, pois compreende que todas são efêmeras no curso infinito do progresso. Ama-as, mas sem dependência de qualquer espécie, seguindo sempre adiante.

Entende que nem todos, no momento, podem seguir-lhe os passos, o que não o aflige nem desestimula, pois reconhece os diferentes níveis de consciência e mantém-se firme em seus propósitos.

Vitimado por circunstâncias decorrentes de atos infelizes do passado espiritual, enfrenta-as com coragem, diluindo os efeitos com os recursos ao seu alcance, evitando novos comprometimentos que o afligiriam no futuro.

Perseguido pela insensatez, que se espalha sob o disfarce da comodidade, sorri e continua. Não se detém para justificar sua conduta nem para debater sua decisão de integrar-se ao conceito da Verdade. Simplesmente a vive, sem alarde ou imposição.

Honesto, é fiel a si mesmo e a Deus, que o atrai com a irresistível energia do amor. Passa a nutrir-se desse pão de vida, sem a preocupação de justificar-se ou de arrebanhar seguidores para seu caminho.

Muitas vezes sozinho, está sempre com Deus — ou Deus está com ele —, sem se importar com o abandono por parte de familiares, amigos ou correligionários.

Nele fulgura a luz da paz, que o tranquiliza e lhe permite compreender todos os acontecimentos.

Se a morte o ameaça, prepara-se para recebê-la com serenidade, pois entende que ela será sua ponte para o Outro Lado, onde espera ser feliz.

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, afirmou Jesus.

Toma-O como modelo e guia, segue-O com alegria, e a Verdade o envolverá em luz e paz, concedendo-lhe vida em abundância.