ESTAR E SER

Um conflito preponderante no comportamento das pessoas imaturas psicologicamente é o medo das críticas. Filho excedente da insegurança, esse fator negativo na conduta humana é responsável por vários dissabores, entre os quais o insucesso nos empreendimentos, ou mesmo a falta de estímulos para tentá-los…

Fugindo de suas dúvidas, torna-se crítico mordaz dos outros, num processo de transferência de valores internos; procura sempre agradar na presença e faz-se censor na ausência; insatisfeito, é rude com as pessoas que dele dependem, e bajulador em relação aos que acredita superiores; oculta os sentimentos, a fim de poupar-se a comentários desagradáveis, apresentando-se dúbio e melífluo. As suas opiniões têm por meta atender a todos, concordando com ambos os litigantes, quando for o caso. Parece um diplomata hábil, não fossem os temores íntimos…

Gosta de opinar em assuntos que desconhece, como uma compensação ao conflito, estando sempre no que parece, evitando assumir o que é.

Todos que transitam em experiências humanas, durante o seu curso estão, mas são a soma das mesmas. Conscientizar-se de que se é o que se está constitui desequilíbrio comportamental. O que se está, deixa-se, passa; o que se é, permanece.

Pode-se nascer enfermo ou sadio, o que significaria ser. Não obstante, através de uma boa programação mental, o ser doente pode transformar-se em apenas estar por um período, sofrer um tipo de conjuntura e deficiência, sendo saudável. Da mesma forma o sadio, face à desorientação de conduta mental, transfere para o estar com saúde, apesar das chuvas de ansiedade…

Uma plena conscientização de que todas as pessoas estão sob o exame de outras – que as criticam por inveja, por despeito, por preguiça mental, por espírito derrotista de competição, embora diversas o façam com sincero desejo de auxiliar, pelo direito de submeterem à prova o que se credencia ao conhecimento público – é de grande utilidade.

Para ser objeto de crítica, basta destacar-se, sobressair, tornar-se um alvo. É confortador alguém ver-se sob petardos, significando haver rompido o escudo da mesmice, de igual a toedos, do não chamar a atenção. É ser alguém, ser especial e até ser único.

Jamais se agradará a todos os indivíduos. Os padrões de preferência variam ao infinito, nas pessoas que constituem a humanidade… Muito saudavelmente age aquele que está em permanente esforço para ser melhor, para conquistar novos patamares, reunindo os tesouros da autoiluminação. Esse não teme obstáculos, não receia os outros, nem se teme. Renova-se, melhorando o grupo social e o mundo onde está, mas que não lhe pertence, não o detém, nem nele para. Segue adiante. O seu é o rumo do infinito. Não se ofende, a ninguém magoa; não se limita, a outrem não obstaculiza, não desanima, aos demais não perturba. Está sempre vigilante com seus defeitos e ativo nas ações…

Os pessimistas e frustrados asseveram que o mundo e a sociedade são maus, responsáveis pelas suas aflições e desditas, quando apenas estão enfermos, em razão daqueles que aqui se hospedam e os constituem…

 

Livro: AUTODESCOBRIMENTO UMA BUSCA INTERIOR. Joanna de Ângelis (Espírito). Psicografia Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. 16ª ed. Salvador. BA. 1995. Págs. 143-146.

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