A fé

Eu sou a irmã mais velha da Esperança e da Caridade, chamo-me a Fé. Sou grande e forte; aquele que me possui não teme nem o ferro e nem o fogo: é a prova de todos os sofrimentos físicos e morais. Irradio sobre vós com um faixo cujos jatos faiscantes se refletem no fundo dos vossos corações, e vos comunica a força e a vida. Diz-se entre vós que ergo as montanhas, e eu vos digo: venho erguer o mundo, porque o Espiritismo é a alavanca que deve me ajudar. Uni-vos, pois, a mim. Eu sou a Fé! Habito, com a Esperança, a Caridade e o Amor, o mundo dos puros Espíritos; […] venho sobre a Terra para vos regenerar, dando-vos a vida do Espírito; mas, à parte os mártires dos primeiros tempos do Cristianismo, e alguns fervorosos sacrifícios, raramente no progresso da ciência, das letras, da indústria e da liberdade, não encontrei, entre os homens, senão indiferença e frieza […] vós me críeis em vosso meio, mas vos enganastes, porque a Fé sem as obras é uma aparência… a verdadeira Fé é a vida e a ação. Antes […] do Espiritismo, a vida era estéril, […] não produzia nenhum fruto. Não se me reconhecia pelos meus atos: eu ilumino as inteligências, aqueço e fortaleço os corações; expulso para longe de vós as influências enganadoras e vos conduzo a Deus pela perfeição do espírito e do coração. Vinde vos alinhar sob minha bandeira, sou poderosa e forte… Eu sou a Fé, e o meu reino começa entre os homens; reino pacífico que vai torná-los felizes para o tempo presente e para a eternidade. A aurora de meu advento entre vós é pura e serena; seu sol será resplandecente [para] embalar a Humanidade nos braços das felicidades eternas. Espiritismo! Derrama sobre os homens o teu batismo regenerador; faço-lhes um apelo supremo: eu sou a Fé.

GEORGES, Bispo de Périgueux. Revista Espírita. Fevereiro de 1861, Ed. FEB. De Allan Kardec.