Narra-se que um caçador, em terras canadenses, surpreendeu certo dia um ninho de águias, construído em rocha alta, nas vizinhanças da cabana onde se abrigava, durante a temporada de caça.
Resolveu tirar do ninho um dos filhotes e levá-lo consigo. A ave, ainda implume se deixou conduzir.
O caçador, finda a temporada, retornou ao próprio lar e aos demais afazeres de sua vida.
Porque fosse também afeiçoado à criação de algumas espécies animais, mantinha em seu vasto terreiro, um expressivo número de pintinhos.
Foi ali, junto aos demais filhotes de galinha, que a pequena águia passou a viver, esquecendo-se de sua origem.
O tempo passou. As penas cresceram no corpo da ave de rapina, fazendo com que ela se destacasse do grupo.
Contudo, passava os dias a ciscar, tal qual o faziam os pintainhos.
Certo dia, quando a pequena águia repousava tranquila, avistou uma grande águia que sobrevoava o vasto terreno. Observou-lhe o voo majestoso, o domínio dos céus. Era um ponto negro movendo-se pelo anil do firmamento.
Então, uma estranha agitação tomou conta da aguiazinha. Desdobrou as asas, ficou na ponta das suas patas e começou a correr. Depois, soltou um grito estridente e alçou voo, em direção à sua irmã.
Em breve, também ela não passava de um pequenino ponto escuro na linha do horizonte.
Descobrira, enfim, que não nascera para viver nas estreitas vias de um quintal, limitada.
Seu destino era o infinito, a amplidão, conquistar as rochas mais altas, buscar os rochedos agudos. Enfim, era a vida total, plena, de uma águia para lá das nuvens e das tempestades.
* * *
À semelhança da pequena águia, muitos dos que vivemos na Terra nos esquecemos de nossa origem Divina.
Olvidamos que fomos criados pelo amor de Deus e destinados às alturas da perfeição. Consequentemente, da felicidade.
Aquartelamo-nos na estreiteza do mundo material que nos cerca e nos ocupamos com pequenas rixas, disputas por coisas passageiras.
Isso porque, no mundo, os valores que não são reais mudam constantemente, valendo hoje muito e amanhã mais nada.
No entanto, como a aguiazinha, chegará um dia, breve ou distante, em que haveremos de redescobrir nossa filiação Divina e então, atraídos pelas vozes sublimes, desejaremos atingir as amplidões da verdade.
Só assim alcançaremos a felicidade suprema, quando sentiremos nos abrasar pelas chamas do amor de Deus e, qual uma águia empreenderemos o garboso voo rumo à perfeição, para o Alto, para cima.
Você sabia?
Você sabia que é no hemisfério norte que habita a águia que é considerada a rainha dos céus? Chama-se águia real e atinge dois metros de envergadura.
E que a águia-do-mar é a ave símbolo dos Estados Unidos? Ela foi escolhida pela sua coragem e beleza. Pode ser encontrada na América do Norte e na Sibéria.
Mais imponente do que o voo das águias é o da alma, quando se deixa levar pelas grandiosas realizações da vida, que ultrapassam a estreiteza de uma jornada na Terra, curta e breve ante a eternidade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
A aguiazinha desperta, do livro Lendas do céu e
da Terra, de Malba Tahan, ed. Conquista.
Em 14.8.2018.