Brasil: entre a apatia e a esquizofrenia

Há alguns meses, foi divulgada na Internet uma frase supostamente atribuída a um engenheiro da Microsoft de que o Brasil seria uma Ferrari governada por macacos. Não consegui verificar ser verdadeira ou não. Mesmo que ela não seja de autoria do funcionário da empresa estadunidense, cabe uma análise. O Brasil tem a vocação obrigatória de ser uma potência. Temos um imenso território rico em recursos naturais, terras férteis, recursos hídricos, biodiversidade, ausência de guerras, e uma das maiores populações do planeta. Mas, segundo o autor da frase, o problema é os macacos (embora sabedor do sentimento de desprezo nutrido pelos anglo-saxônicos em relação aos latino-americanos por eles considerados inferiores, penso que tal afirmação não se deva a preconceito étnico e sim ao estarrecimento em observar como que um país com toda essa potencialidade não deslancha). Faz sentido, coloque um macaco no cockpit de uma Ferrari num grid de largada e esta não sairá do lugar, apesar de a Ferrari estar naturalmente destinada a ocupar um lugar no pódium.

O Brasil tem grande parcela de sua gente que parece ser esquizofrênica, uma doença mental crônica, cujo indivíduo por ela acometido, tem seu pensamento dissociado da realidade que o cerca. Dessa forma temos os pobres de direita, que apesar de viverem na miséria ou muito próxima dela, pensam, falam e votam como se ricos fossem, elegendo políticos e partidos que historicamente sempre pautaram as suas ações na perpetuação do apartheid social que separa pobres e ricos neste país. Aos pobres de direita parece lhes fazer bem a ilusão do pertencimento aos segmentos abastados, algo que efetivamente não corresponde à realidade. Dentre os pobres de direita, há o significativo grupo da classe média, a maior parte formada por trabalhadores assalariados, funcionários públicos e pequeno-burgueses. Ora, quem é trabalhador assalariado é pobre! Não importa quanto ganhe, pois, não é capitalista (não detém o Capital). E que dizer do funcionário público neoliberal? Esse primor de inteligência! Fez concurso público (isso é algo próprio de quem não tem Capital), depende de seu emprego numa repartição pública, mas, pensa como capitalista (que não é! Lembra? Não tem Capital!), fala como se capitalista fosse e vota em políticos e partidos que pretendem instalar o capitalismo puro, cujo Estado Mínimo não interfere na economia, não a regula, tudo privatiza ou terceiriza, e, não oferece sequer a educação e a saúde pública gratuita, pois entende que estas devem estar nas mãos da iniciativa privada, que não constituem direitos básicos do cidadão e nem obrigação do Estado. E muitos pobres de direita, aplaudem isso, mesmo sem ter condições de pagar por tais serviços! Seria falta de inteligência ou caso de esquizofrenia? Quanto aos pequeno-burgueses, Temer acaba de negar o Refis para a micro e a pequena empresa, apesar de ter distribuído perdões e isenções fiscais envolvendo trilhões de reais para petroleiras estrangeiras, bancos privados e grandes empresas capitalistas. Como sempre digo, a pequena burguesia quer ser rica, mas não é convidada para sentar-se à mesa da Casa Grande.

Jornalistas estrangeiros ficaram estupefatos com a passividade do povo brasileiro ante a destruição dos direitos trabalhistas, a entrega do pré-sal, a compra de parlamentares em troca de verbas ou cargos para fazer aprovar pautas danosas à sociedade e que jamais foram referendadas nas urnas. As instituições (podres) já não defendem a Constituição Federal que é a todo o momento, violentada. O Judiciário não cumpre seu papel e é partícipe da situação em que o país se encalacrou. No exterior, a repercussão acerca do Congresso Nacional é de que se trata de uma agremiação formada por grande parcela de criminosos, e infelizmente, isso é a realidade. A população permanece apática. Parte dos que apoiaram a ascensão do grupo corrupto que se encontra no Poder se calou. E parte continua a pensar esquizofrenicamente que a queda da espécie humana do paraíso foi por culpa do PT, Lula e Dilma. Em seu modo de pensar, antes não havia corrupção, nem inflação, nem pobreza, nem desigualdade social. São desonestos, doentes ou tele-guiados? Plim! Plim!

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