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Em 1521, ao ser excomungado por suas teses e, consequentemente, perder a proteção da lei, Lutero foi sequestrado por amigos que temiam por sua vida. Levado a um retiro forçado, ele se dedicou aquela que se tornou a sua principal obra: a tradução da Biblia para o alemão. Lutero acreditava que a quebra do poder absoluto dos lideres religiosos passava pelo acesso direto à Biblia, que deveria ser lida e estudada por todos. Assim, o povo poderia entender que a salvação vem de Deus e de seu filho, Jesus, mediante a fé, e não da transferência de recursos financeiros. Com o fim das indulgências, cria-se invisível cimento que ajudará a unir movimentos sociais. A maioria dos países abandonaria o governo monárquico pare adotar o modelo eleitoral, com voto amplo da sociedade. Até nas monarquias ainda existentes os parlamentaristas, o voto popular está presente. Uma forma de confirmar que somos todos iguais.
A partir do momento em que Lutero defende o perdão para todos, já que são todos iguais perante a Deus um novo princípio democrático surge e começa-se a separar Estado e Igreja. Afinal, dentro e fora de igrejas, ainda hoje muitos valorizam mais o ter a capacidade de produzir do que ser a essência.
A justificação ou salvação pela fé proposta por Lutero abre caminho para novas reflexões. Se o ser humano poderia ter acesso direto a Deus, qual seria o papel da Igreja e do Estado? O Estado deveria assumir funções que, até então, eram do domínio da igreja? Qual o papel do Estado na educação? Qual o valor de trabalho e sua remuneração? Os reformadores que se seguem, com destaque para João Calvino e John Wesley, expandiram o movimento, Calvino levou a reforma a suíça francesa, onde aprofundou o vínculo com ascetismo, a disciplina e o trabalho enquanto Wesley se aprofundo em questões sociais, olhando para o povo, camada negligenciada pelos cristãos.