Família, ontem e hoje

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Aconteceu na Páscoa do já longínquo ano de 1985. Fernando, pai de quatro filhos, cristão praticante, desabafou durante uma reunião de Cursilhistas:

– Graças a Deus que a Campanha da Fraternidade terminou. Eu já não aguentava aquele slogan “para que todos tenham vida” nas igrejas, nos cartazes, até na televisão…

Surpreso, intrigado, o coordenador do curso, arriscou perguntar:

– Não entendo sua irritação Fernando. Já não aguentava, por quê?

– É que estou cansado. Cansado de tudo! Até de viver. As coisas estão cada vez mais difíceis, complicadas. É mentira e morte demais rondando a gente… viver de que jeito?

Nosso povo está cansado. Cansado de tudo. Jovens, casais, comunidades, todo mundo está cansado. Exagero de nossa parte? Oxalá fosse!

Crise é hoje a palavra mais em uso. Crise econômica, financeira, política, social. Crise de credibilidade, de fé. Crise de esperança. Crise existencial, a mais grave e preocupante de todas.

A família é a miniatura da sociedade. Família doente, mundo doente. Família sadia, humanidade legal. Infelizmente, as multiformes crises invadiram os lares. Com violência extrema.

A constatação chega até a assustar. O que a gente mais encontra, hoje, são casais em crise, cansados, nervosos, irritados, os nervos à flor da pele.

Conviver em tempos tão difíceis é um desafio quase sobre-humano. A recessão econômica quebrou com a metade do Brasil e com milhões de lares, em nosso país. Essa é a verdade. E que ninguém duvide: problemas financeiros desequilibram as pessoas, as famílias, os casais.

A escassez de dinheiro é um elemento perturbador de alto poder explosivo. Desestabiliza personalidades, núcleos familiares, comunitários. A própria harmonia conjugal e a jovialidade do lar começam a perder folego, quando o dinheiro está curto.

Existe saída? Claro que existe. Manter a calma e a serenidade, apesar de tudo. Ainda existe luz no fundo do túnel. Ainda brilham estrelas no firmamento…