O menino

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O menino esfarrapado, com carinha de fome, veio apanhar a camisa que lhe ofereci quando o encontrei na rua.

Sobrará muita comida do almoço.

Perguntei-lhe: – Você quer almoçar?

 – Quero sim senhora.

Foi comendo, depressa, com muita vontade. Na metade do prato, de repente, parou.

– Moça, a senhora me dá um pedaço de papel?

Colocou com cuidado o resto dá sua comida no papel e explicou:

– É para o meu amigo, ele hoje ainda não comeu.

E eu pensava que estava sendo caridosa, porque dei uma camisa velha e uma comida que sobrou.

(Maria Sardenberg)