Reinoldo Back é colunista do Correio do Povo desde 2004!
Contato: colunadoback@hotmail.com
Não há cenário igual no mundo, mas é preciso saber olhar para ele. Frondosa e entrecortada de rios, a maior floresta do planeta tem cantos escuros, besouros de 20 centímetros, peixes que o homem ainda não catalogou, plantas que curam e lagos profundos e mais largos que o horizonte. Derrotou as tentativas de penetração dos colonizadores, enriqueceu e depois destruiu os barões da borracha, devorou uma das maiores estradas da Terra, a Rodovia Transamazônica e continua alimentando sonhos grandiosos e demolindo ambições como a do projeto Jari. No turismo, a floresta vem sendo uma boa parceira de quem respeita. Há pelo menos duas dezenas de empreendimentos espalhados pela selva, dos mais simples flutuantes que abrigam pescadores a sofisticados complexos que lembram os tais delírios amazônicos. Cada um atende a um tipo de público, mas quase todos proporcionam contato seguro com muitas belezas e com mistérios da região. O turista pode fazer trilhas na mata, com guias que mostram árvores duras como ferro e sonoras como um sino, cachoeiras e nascentes, cipós cheios de água, anestésicos ou venenosos, raízes mais altas que uma casa, aranhas de todas as cores e tamanhos, macacos barulhentos, araras idem, ruídos indecifráveis. De barco, pode-se experimentar a pesca do valente tucunaré, ver cardumes de botos, com alguma sorte também os grandes e rosados, procurar jacarés com o dobro do tamanho dos pantaneiros, entrar pelos canais estreitos, chamados igarapés, e nas áreas alagadas, os igapós berçários que a cheia amazônica constrói para 3 mil espécies de peixes. A maioria dos hotéis da selva fica em áreas especiais, próximas de reservas ecológicas. Um desses parques, o do Jaú, tem dois milhões de hectares, quase o tamanho da Bélgica. Um segredo da hospedagem na Amazônia é a localização próxima a rios de águas negras, que tem poucos mosquitos. Esse é só mais um segredo amazônico.