O trem da vida

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Quando um parente ou amigo muito querido falece, ficamos sem chão, muito tristes, não aceitamos de jeito nenhum e geralmente questionamos até Deus com a pergunta: por quê? Justo ele que era uma pessoa tão boa, quase sem defeitos. Imagino que a nossa vida é como viajar no trem do destino, todos temos uma estação pra descer, às vezes a viagem é longa, curta ou muito curta, o destino não é nós que escolhemos.

Ninguém aceita o desembarque

A pessoa chega no mundo já acomodada em algum vagão, sentada em alguma poltrona sem destino definido, ou seja, ninguém sabe onde e quando vai descer. O trem vai andando e parando, o tempo todo, alguns descem, outras continuam, o trem nunca para. De repente uma voz no alto falante diz: fulano de tal, desça, é aqui que você fica. No trem impera a tristeza, os parentes e amigos choram, se desesperam, gritam e perguntam: por que ele? Justo agora? Ele ainda é muito novo? Eu não quero continuar a viagem sem ela. Ninguém aceita, a ficha não cai, pensamos que é só um sonho, um pesadelo.

A pessoa desce e o trem continua

A pessoa desceu naquela estação do seu destino, de verdade, e aos poucos o trem vai se afastando, continuando a sua viagem, só nos resta acenar e se despedir. Por algum motivo devemos continuar a viagem, é o mistério da existência, carimbado com prazo de validade. Só nos resta lembrar dos momentos felizes que passamos com ela na viagem.

” Ficamos tristes, desconsolados, nunca iremos aceitar, mas isso é o preço que pagamos por não ter descido do trem antes daquelas pessoas que tanto amávamos e gostávamos”

Esta coluna é dedicada ao meu amigo João Pio Andretta e aos meus sogros Amélia e Pedro Josefi, que muito contra às nossas vontades, tiveram que desembarcar, assim de repente. Saudades eternas.