Alto índice de chuva afeta produção de trigo e preocupa agricultores da região

Em Porto Barreiro, desde o temporal registrado na última terça-feira (03), mais de 130 mm atrapalham a colheita. “Nos resta aguardar alguns dias de sol para concluir essa etapa, mesmo sabendo que o resultado final é de pouco lucro”, relata produtor

Desde a última terça-feira (03), o Sul do Brasil registra grandes níveis de chuva. No Rio Grande do Sul, o acumulado manteve o alagamento de várias cidades. Os moradores dos arredores do Rio Uruguai foram alertados a se retirar por conta do nível da água.

Em Santa Catarina, cidades como Videira e Tangará seguem com avisos de alagamento. A primeira, que tem dois rios cortando o perímetro, alertou os ribeirinhos do volume chuvoso e o centro, passível de alagamento, conta com a compreensão dos lojistas e moradores para retirada.

No Paraná, os alagamentos não seguem com a mesma frequência. O setor mais afetado com as fortes chuvas é a agricultura. Desde o dia três, data em que um temporal marcou destruição em várias cidades da região, o medo do produtor rural segue, já que além do grande volume pluvial, as lavouras foram acometidas com granizo, como em Porto Barreiro.

A noite da última terça foi marcada por uma forte tempestade, e além de acamar os trigos com o vento, as grandes pedras destruíram lavouras de milho, que agora estavam em fase de crescimento. Vale ressaltar que em outubro, a triticultura já deveria estar no fim, para então dar início a plantação de soja e feijão.

Angústia

Conforme o técnico da Coasul de Porto Barreiro, Jean Marcos Viau, o prejuízo no município foi do trigo. “O excesso de chuva está prejudicando a produção. Na última semana, cerca de 130 mm foram registrados na cidade, o que preocupa os produtores que ainda não colheram”, informa o agrônomo.

Jean destaca ainda que todos os produtores que possuem seguro já o acionaram, pois as condições climáticas para os próximos dias apontam mais chuva na região. “Infelizmente alguns não contrataram o seguro e terão de arcar com os prejuízos”.

Para o produtor Carlos Gandin, morador da comunidade Passo das Flores, o mau tempo reflete na distância da colheita do trigo. “A lavoura está pronta para colher. Se não fosse as condições climáticas, teríamos colhido na última semana e provavelmente com o soja plantado. Conforme o tempo corre, a preocupação aumenta. Agora, nos resta aguardar alguns dias de sol para concluir essa etapa, mesmo sabendo que o resultado final é de pouco lucro”, relata o produtor.

Conforme o economista e técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), Edson Gonçalves de Oliveira, em toda a regional falta 35%, mas em Laranjeiras do Sul ainda falta cerca de 50% para colher. “Os produtores já enfrentavam prejuízos por conta da baixa produção e preços baixos. Agora, tudo piorou”, destaca Edson.

Milho

O chefe do Deral, Marcelo Garrido, ressalta que deve se dar atenção ao milho e ao feijão que estão sendo plantados, e principalmente à soja em início de plantio. “Nós tivemos situações pontuais na região oeste do Paraná, mas ainda vai levar algum tempo para podermos quantificar, até porque as chuvas ainda estão ocorrendo”, esclareceu.

Diante da continuação da chuva, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado afirma que técnicos já estão em campo para fazer detectar possíveis perdas em lavouras, mas a tendência é que não sejam registrados prejuízos relevantes até o momento. O próximo relatório semanal de condições das lavouras sai hoje (10).
Na comunidade Guarani do Cristo Rei, o granizo afetou brevemente a lavoura de milho da família Baldin. Marcio, um dos administradores do sítio relata a dificuldade depois da tempestade. “Por ainda estar no início do crescimento, as pedras machucaram as folhas e o caule. O que afeta agora, além disso e a questão da chuvarada é a dificuldade em fazer tratamento e a limpeza da lavoura. A torcida é que a previsão melhore e que tudo se estabilize”, relata Marcio.

Mais chuvas

A semana começa ensolarada na região Sul, com máxima de 29 ºC para amanhã (11), mas o tempo muda novamente na quarta e quinta-feira (11 e 12) devido ao avanço de uma nova frente fria no Rio Grande do Sul, se estendendo para Santa Catarina e Paraná.