BC reduz projeção de crescimento da economia de 3,8% para 3,6% – Jornal Correio do Povo

BC reduz projeção de crescimento da economia de 3,8% para 3,6%

O Banco Central (BC) reduziu a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – passou de 3,8% para 3,6%. A projeção consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado hoje (25), e, segundo o órgão, “depende da continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira, condição essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.

“Em termos de trajetória, a projeção para o PIB é de recuo moderado ao longo do primeiro semestre, seguido de recuperação relevante nos últimos dois trimestres do ano, decorrente da redução esperada na taxa de letalidade da covid-19 e no número de internações, com o avanço da vacinação”, diz o relatório. Para isso, o BC considera a manutenção do regime fiscal e nova rodada de auxílio emergencial, de aproximadamente R$ 44 bilhões, com pagamentos concentrados no segundo trimestre do ano.

Entre os fatores para a redução da projeção, o BC cita ainda a “elevada a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia, sobretudo no primeiro e segundo trimestres deste ano”, em razão do aumento de casos de covid-19 e de novas medidas de restrição às atividades. “Esse processo de agravamento recente da crise sanitária possivelmente interrompe ou atrasa a recuperação da atividade econômica”, diz o relatório.

Por outro lado, para o BC, uma possível reversão da economia “tende a ser bem menos profunda do que a observada em 2020, e provavelmente seria seguida por rápida recuperação, especialmente no segundo semestre, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente”. Em 2020, o PIB fechou o ano com queda de 4,1% em razão dos efeitos da pandemia.

A expectativa do BC é que a vacinação em massa, além de oferecer proteção contra casos mais leves de covid-19, reduzam significativamente o número de casos graves, diminuindo a pressão sobre o sistema hospitalar e permitindo uma reabertura mais rápida da economia. “Considerando os planos de vacinação e a oferta de vacinas existentes até o momento, espera-se que os impactos econômicos sejam mais perceptíveis no segundo semestre, em especial nos serviços presenciais, que têm sido mais fortemente afetados pela pandemia”, diz o relatório.

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Salário Mínimo: contador esclarece direitos ao reajuste obrigatório

Segundo Pedro Beck, todos os trabalhadores e beneficiários que recebem pagamentos com base no valor estabelecido estão incluídos. Aqueles com remuneração superior terão seus aumentos negociados com as empresas

O salário mínimo no Brasil foi reajustado para R$ 1.518,00 desde de 1º de janeiro de 2025, conforme decreto publicado em 30 de dezembro. O aumento de R$ 106,00, representando uma alta de 7,5% sobre o valor anterior de R$ 1.412,00, foi calculado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses, que registrou um aumento de 4,84%, somado ao crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa fórmula de cálculo segue a política de valorização do salário mínimo, aprovada pelo Congresso Nacional e retomada em 2023.

O novo valor terá impacto direto na vida de milhões de brasileiros. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 59 milhões de pessoas têm seus rendimentos atrelados ao salário mínimo, incluindo 19 milhões de aposentados e pensionistas. Além disso, o salário mínimo serve como base para o cálculo de diversos benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o abono salarial e o seguro-desemprego.

Impacto econômico

O reajuste também traz consequências para as finanças públicas. A empresa Tendências Consultoria, de São Paulo, estima que a nova política de reajuste do salário mínimo gerará uma economia de R$ 110 bilhões nos gastos públicos até 2030, com um impacto de R$ 2 bilhões já em 2025. O valor do salário mínimo é utilizado para o cálculo de despesas do governo federal, que inclui o pagamento de benefícios como aposentadorias, pensões, o BPC e o seguro-desemprego. Em 2024, cerca de 7,35 milhões de trabalhadores estavam recebendo seguro-desemprego, enquanto 240 mil pessoas tinham direito ao abono salarial no ano passado.

Entre 2003 e 2017, o salário mínimo teve um aumento real de 77% (acima da inflação), mas esse índice ficou interrompido entre 2018 e 2022. O salário mínimo brasileiro foi criado em 1936, durante o governo do ex-presidente Getúlio Vargas.

Reajuste para trabalhadores

Em entrevista exclusiva, o contador da PB Contabilidade, Pedro Beck, esclarece que, de forma geral, têm direito ao aumento salarial os trabalhadores que recebem o salário mínimo federal, assim como aposentados e pensionistas que também recebem benefício baseado nesse valor. “Além disso, todos os que, de alguma forma, têm suas remunerações ajustadas por este índice também são contemplados”, explica. Ele detalha ainda como as empresas definem os reajustes para aqueles que recebem acima do salário mínimo.

De acordo com ele, as empresas não são obrigadas a realizar aumentos salariais para esses trabalhadores, mas os reajustes costumam ser definidos por convenções trabalhistas ou acordos coletivos, negociados pelos sindicatos. O reajuste pode ser baseado em diferentes índices, como o INPC ou o IPCA, dependendo do acordo entre as partes envolvidas. “Os reajustes são tratados pelos sindicatos, geralmente entre março e maio, e entram em vigor imediatamente. A obrigatoriedade do reajuste depende das convenções, mas nenhum funcionário pode ser remunerado abaixo do salário mínimo federal, a menos que a jornada de trabalho seja parcial, caso em que o salário será proporcional”, esclarece Beck.

Convenções coletivas de trabalho

As convenções coletivas desempenham um papel crucial na definição dos reajustes salariais, alinhando as necessidades dos trabalhadores com a capacidade de pagamento das empresas. “As convenções acontecem para buscar um consenso sobre os reajustes que sejam justos para ambas as partes. Elas são negociadas entre os líderes sindicais e as entidades empresariais”, afirma o profissional.

Férias e reajustes salariais

Beck também esclarece que, no caso de funcionários que entrarem em férias em janeiro de 2025, a remuneração já será feita com o valor reajustado do salário mínimo. “Esse ajuste também se aplica a situações em que o reajuste salarial ocorre por meio de convenções coletivas, garantindo que a remuneração de férias seja a mesma que o trabalhador receberia se estivesse em atividade, além do adicional de 1/3 de férias” finaliza.