A humanidade já passou por inúmeras epidemias. Algumas causaram um grande impacto no mundo na época, como a Peste Negra, que na Idade Média vitimou cerca de 1/3 da população da Europa.
Entre as mais recentes, está a Gripe Suína, que eclodiu entre 2009 e 2010, e a Gripe Espanhola, no fim da década de 1910. Com relação à esta última, estima-se que ela tenha vitimado ¼ de toda a população do mundo. Acredita-se, inclusive, que tenha matado mais que a 1º Guerra Mundial (1914-1918).
Mistério ainda não desvendado

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Apesar de muitas especulações, até hoje os historiadores não conseguem cravar com exatidão a origem da epidemia da doença, causada pelo vírus influenza. Acredita-se que a realização da Grande Guerra tenha colaborado para a propagação do vírus, principalmente após o conflito, quando os soldados retornaram aos seus países de origem.
“Por estarem em guerra os países escondiam as informações precisas, e como a Espanha não estava envolvida na guerra, divulgava os dados sem restrições, por isso achavam que lá era o foco, e por isso o nome gripe espanhola”, conta o professor de história Nilton José Costa.
A Índia foi a nação que mais sofreu com essa pandemia: cerca de 12 milhões foram mortos.
No Brasil, a Gripe Espanhola tomou conta de grandes cidades, como São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro – na época a capital federal.
Assim como ocorre em 2020 por conta do coronavírus, o esporte também sentiu os impactos da gripe espanhola. Archibald French, jogador do Fluminense, morreu infectado.
O cenário era de caos, não haviam caixões e covas suficientes para tantas vítimas e os corpos eram empillhados. A Polícia então saia às ruas e recrutava pessoas que aparentavam ser saudáveis para cavar valas.
Rodrigues Alves foi presidente da República do Brasil entre 1902 e 1906. Em 1918, eleito novamente, ficou dois meses no cargo, morendo em janeiro de 1919, vítima da gripe espanhola. Ele foi substituído pelo vice Delfim Moreira.

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Semelhanças com a Covid-19
Os sintomas da gripe espanhola eram parecidos com os do coronavírus: febre, tose, dor no corpo e, em casos graves, problemas respiratórios, entre outros. Algumas pessoas que se recuperaram da doença contraíram novamente o vírus.
Com a medicina deveras limitada, os profissionais da Saúde tratavam o problema da forma que era possível. Não se sabia nem ao menos o que causava a doença, já que os microscópoios da época não conseguiam enxergar o vírus.
A Filadélfia, nos Estados Unidos, foi um dos locais que não seguiu as recomendações de evitar aglomerações, e o resultado disso foi catastrófico.
De acordo com ele, na época, parte da sociedade da época subestimava o poder do vírus, tal qual como ocorre atualmente com o covid-19.
“Muitos desdenhavam dizendo que uma gripezinha catarrenta, não era problema. Parecido com o que vemos hoje. Parece que a história não serviu de lição. O avô do atual presidente dos Estaduos Unidos Donald Trump, foi vitimado pelo vírus”.
Mais de mil pessoas
“Chegamos a ter a morte de mais de mil pessoas em apenas um dia na cidade do Rio de Janeiro. O elevado número levou a população ao desespero. Nos subúrbios do Rio de Janeiro, as famílias colocavam os cadáveres nas ruas para serem recolhidos pela prefeitura, que por sua vez não conseguia realizar o trabalho pelo número alto de mortos. Pessoas eram obrigadas a assumirem a função de coveiro para auxiliar nos enterros. O país todo teve vítimas, mas no Rio de Janeiro o número chegou a 17 mil em apenas dois meses”, relata professor Nilton.
Por conta da falta das condições de saneamento básico no Brasil, a população mais pobre foi a mais penalisada. “As pessoas não encontravam socorro adequado. O sistema de Saúde provou não ter capacidade para atender situações como essa”, explica o professor.