Novo Ensino Médio não agrada maioria dos estudantes e professores, segundo pesquisa

Dados prévios são de pesquisa da Unesco; estudo final sai em 2024

A implementação do Novo Ensino Médio tem desagradado a maioria dos estudantes, professores e gestores, de acordo com dados preliminares de uma pesquisa conduzida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Os resultados divulgados são parte de um estudo mais amplo, cujo relatório final está previsto para janeiro de 2024.
A pesquisa abrangeu 2,4 mil professores, gestores e estudantes que estiveram envolvidos ou estudaram em escolas públicas estaduais que implementaram o Novo Ensino Médio no primeiro ano de vigência, em 2022. As entrevistas foram realizadas presencialmente ou por telefone, no período de 23 de junho a 6 de outubro de 2023.
Os dados indicam que 56% dos estudantes, 76% dos professores e 66% dos gestores estão insatisfeitos com as mudanças introduzidas pelo Novo Ensino Médio. Em contrapartida, 40% dos estudantes, 17% dos professores e 26% dos gestores afirmaram estar satisfeitos. Os demais entrevistados estavam ausentes, não sabiam ou não responderam.

Trajetória
O Novo Ensino Médio, aprovado em 2017, iniciou sua implementação em 2022 e gerou controvérsias. Após uma consulta pública, o modelo está sendo reconsiderado no Congresso Nacional, podendo ser votado pela Câmara dos Deputados esta semana.
O modelo propõe a oferta de aulas comuns a todos os estudantes, orientadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e a possibilidade de escolha de itinerários para aprofundamento em áreas específicas, como linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. No entanto, a disponibilidade desses itinerários depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.
A pesquisa revela que, embora 86% dos estudantes tenham interesse na Formação Técnica e Profissional, apenas 27% dos gestores informaram oferecer disciplinas ou cursos desse tipo em suas escolas.
Os desafios apontados pelos gestores incluem a formação continuada para docentes e gestores (74%), a adequação da infraestrutura (67%), a obtenção de apoio técnico e a aquisição/elaboração de material didático (67%).

Insatisfação
Os professores também expressaram insatisfação com a formação recebida, com 59% considerando inadequada a formação para implementar a BNCC e 64% para implementar os itinerários formativos.
Rebeca Otero, coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, destaca que a pesquisa visa fornecer subsídios para as decisões do Ministério da Educação (MEC) e dos estados. Ela enfatiza a necessidade de considerar o descompasso entre a oferta e a demanda, visando criar condições para melhor atender estudantes, professores e gestores.