À vontade em Quedas, Eurico Souza busca resgatar tradição do futsal na cidade
Na base do tereré, do chimarrão, treinador vive expectativa pela estreia na Série Bronze. No sábado, time vai a União da Vitória encarar a Acau
Por Juliam Nazaré
Instalado em Quedas do Iguaçu há três meses, o técnico Eurico Souza está à vontade. Após três anos no Kuwait, ele voltou a trabalhar no Paraná depois de 16 anos. Desde então, na base do tereré e do chimarrão, trabalha para trazer de volta à cidade a tradição do futsal. No sábado (8), estreia na Série Bronze do Campeonato Paranaense. O jogo será em União da Vitória, contra a Acau.
Numa conversa durante o intervalo de um treino, no Ginásio Tarumã, Eurico recebeu a reportagem do Correio do Povo do Paraná e comparou os cotidianos no oriente-médio e no interior paranaense, avaliou o estadual e revelou o que pensa sobre a projeção do time. Confira:
A carreira fora do Brasil
Pernambucano, Eurico fez carreira internacional no futsal. Após cinco anos na Itália, trabalhou por três anos no Kuwait. No país do oriente-médio, teve cotidiano tranquilo. “Trabalhava, estudava e ia para a academia. Apesar da cultura muçulmana, não havia restrições. É proibido o consumo de bebidas alcóolicas, mas eu nem senti falta. Em compensação, tomava muito café, chá”.
De acordo com ele, o aspecto financeiro e a projeção da carreira foram os pontos altos da estadia fora do Brasil. “Financeiramente, compensa. Já havia trabalhado por cinco anos na Itália e foi compensador. É uma outra realidade comparada ao Brasil. No Kuwait, a visibilidade é até maior. Passei a ser conhecido no mundo. Recentemente, tive convite para ir até outro país, justamente pelo meu trabalho fora”, argumenta.
A vida em Quedas
Com residência fixada em Aracaju, Eurico voltou ao Brasil em abril de 2020, por conta da pandemia. Em janeiro, chegou a Quedas. No desembarque, assumiu o Quedas Futsal com a missão de recolocar o município nos trilhos do futsal estadual.
Para Eurico, a rotina na pequena cidade paranaense em nada deve à de um ano atrás, no oriente-médio. De família sul-mato-grossense e tendo na carreira uma passagem pelo Rio Grande do Sul, o professor não teve dificuldades para se adaptar à cultura local: é adepto do tereré e do chimarrão.
“Fui bem recebido em Quedas. A cidade me acolheu bem. A rotina aqui, por conta da Covid-19, é limitada: academia, estudos e dedicação ao clube. Minhas amizades ainda estão restritas ao pessoal da diretoria e da comissão técnica. Gosto de tereré e de chimarrão. Bebidas saudáveis”, conta.
A Série Bronze
O Quedas está no grupo Centro-Sul da Série Bronze, ao lado de Acau, Caçula e São Mateus e sonha com uma das quatro vagas de acesso à segundona de 2022. Em janeiro, Eurico assumiu o time com a pretensão da disputa da Série Prata. Com a negativa da Federação Paranaense de Futebol de Salão (FPFS), a diretoria adaptou o projeto para a terceirona. Em meio à transição de divisão, dois atletas deixaram o Quedas: os alas Wanderson e Ronaldinho. Ainda assim, Eurico não acredita que a mudança afetou a motivação do grupo.
“Era intenção da cidade disputar a Bronze, apesar da preferência da diretoria pela Prata. A Bronze é competitiva e acirrada. O futsal aqui do Paraná é respeitado no mundo todo então é uma honra estar aqui, independente da divisão”.
Para o treinador, o estadual será caracterizado por curta duração, equipes profissionais e amadoras e elencos mesclados. “A Bronze é difícil, com grandes equipes. O Foz retornando, o time da AFCA de Umuarama. O Caçula, a Acau. Nosso grupo é difícil. A competição não é longa, regionalizada e difícil. Vamos conseguir nossos objetivos. A Bronze é diferente da Ouro e da Prata por ser a base das competições. Penso que nela a maioria das equipes não são profissionais, as quadras também não são todas padrões, jogadores experientes e outros iniciando carreira, buscando espaço. Nossa equipe está investindo para conseguir o acesso.”
Na preparação para a estreia, o Quedas fez três amistosos. Perdeu para o Marechal por 3×0 e venceu os selecionados de Candói e Guaraniaçu por 6×2 e 5×2, respectivamente.
“A torcida de Quedas é apaixonada e existe uma grande expectativa. Existem cobranças, mas o nosso time está à altura da competição”.