Ozeias de Castro cultiva acervo de uniformes de futsal e futebol
Existem diversas formas de alimentar o amor pelo esporte. Uma delas, a coleção de camisas, também serve para reunir um legítimo acervo dos clubes.
Ozeias de Castro, o ‘Grafite’, 43 anos, é uma das figuras icônicas do esporte de Toledo. Ele trabalha como roupeiro do clube de futsal da cidade e como gandula na equipe de futebol.
Além dos ofícios, Grafite mantém uma relação de amor com as modalidades. Ele cultiva uma coleção – um verdadeiro museu – que reúne quase 600 camisas. São 300 de clubes de futebol e outras 268 de futsal – e a contagem aumenta cotidianamente. Se resolvesse vestir uma peça da coleção por dia, levaria um ano e seis meses sem repetir roupa.
Atlético Roraima, Bielorússia, Irã…

Foto: Mauro Bianchi/Lance A Lance
No acervo, mantos de clubes tradicionais e raridades, como de Luverdense e Atlético Roraima. Há também de equipes estrangeiras, de países “aleatórios”: Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão e Irã.
Dentre as raridades pertencentes ao roupeiro, está uma camiseta da época de ouro do Jaraguá, de quando Falcão atuava pela equipe. “Levei 10 anos para conseguir”.
Algumas deram “trabalho” para chegarem até a Toledo. “A do Minas Tênis Clube foi a mais difícil. Não tinha como comprar, então fiz amizade com um ex-jogador do Keima de Ponta Grossa. Ele estava nos Estados Unidos, foi para Minas e conseguiu para mim. Só que aí tive que pedir para outro atleta pegá-la e trazê-la para cá”.
Mas dentre as centenas de peças, a mais especial tem cores verde e amarela. “Ganhei uma da Seleção Brasileira de Futsal de um ex-secretário de Esportes, responsável por me introduzir no mundo do esporte”, conta.

Foto: Mauro Bianchi/Lance A Lance
2004, derradeiro ano
A coleção iniciou em 2004, mesmo ano em que Grafite chegou para trabalhar no Toledo Futsal. Inicialmente, era o segurança do time, e depois passou a roupeiro. “Quando eu tinha umas 10 camisas, já considerava ter uma coleção”.
Desde então, ele vem comprando e contando com os amigos do universo esportivo para incrementar a compilação. “Fui fazendo amizades com jogadores, comissão técnica e torcida. Às vezes ganho, outras dou uma do Toledo em troca”.
Personalidade
No início, a relação com o mundo da bola não foi fácil. Filho de família evangélica, Grafite tinha que enfrentar a resistência dos pais frente à paixão. “Ganhei minha primeira camisa, do Internacional/RS, aos 5 anos. Mas eu não tinha muito envolvimento, pois a doutrina evangélica antiga era rigorosa e meus pais só me deixavam jogar na educação física”, conta.
Quando adolescente, soltou-se das “amarras”: passou a jogar futebol na rua, com os amigos. Quando chegou ao Exército, pôde então comprar a sua primeira camisa: do São Paulo, o time do coração. Aliás, os uniformes do Tricolor Paulista, além de serem majoritários na coleção – 48 exemplares -, influenciaram no apelido do roupeiro.
“Em 2005, eu cheguei para fazer a primeira viagem do ano com o Toledo Futsal. Não tínhamos ainda uniforme de passeio e, então, fui com uma camisa do São Paulo, número 9, usada na época pelo Grafite”.
Foi então que o treinador, Edilson Pukanski, o abordou. “Perguntou meu nome e falou que Ozeias era muito feio. Disse: ‘a partir de hoje, tu é Grafite (risos)’”.

Foto: Reprodução
Lista de desejos
Na lista de desejos de Grafite, estão uniformes de equipes da Liga Nacional: Atlântico/RS, Blumenau/SC, Brasília, Joaçaba e São José/SP. De futebol, ele busca as da dupla campineira Guarani e Ponte Preta, da Portuguesa/SP e dos rivais Avaí e Figueirense.