Eleições na Rússia: Vladimir Putin pode chegar ao 5ª mandato
Segundo a organização não-governamental de pesquisas, Levada Center, o atual presidente supera os 80% de aprovação
Na Rússia, as eleições presidenciais estão em curso, com a votação ocorrendo ao longo de três dias, iniciado ontem (15) e encerrando amanhã (17). Além disso, a votação também está acontecendo de forma antecipada e por correspondência, incluindo em regiões ocupadas da Ucrânia, onde as forças russas buscam exercer controle. As eleições podem eleger Vladimir Putin pela 5ª vez, já que seus maiores opositores não tiveram oportunidade de concorrer.
Eleições
A votação presidencial acontece durante três dias (15,16 e 17), porém a votação antecipada já ocorreu, incluindo entre expatriados russos. Também houve organização de votação em quatro regiões ucranianas que a Rússia disse que anexaria em setembro de 2022, em violação do direito internacional.
Um possível segundo turno ocorrerá daqui a três semanas após o fim de semana, caso nenhum candidato consiga mais de 50%dos votos. Os russos estão elegendo apenas o cargo de presidente; as próximas eleições legislativas para a Duma estão marcadas para 2026.
Putin no poder
Putin assinou uma lei em 2021 permitindo-lhe concorrer a mais dois mandatos presidenciais, possivelmente até 2036. Esta eleição marca o início do primeiro desses dois mandatos extras. Ele tem sido o líder de fato da Rússia durante todo o século 21, ampliando seus poderes e estendendo seu governo. Isso o torna o líder russo no poder por mais tempo desde Joseph Stalin. Seus esforços anteriores para manter o controle incluíram emendas constitucionais e trocas temporárias de cargo com seu primeiro-ministro.
Popularidade
Avaliar a verdadeira opinião popular na Rússia é notoriamente difícil devido à escassa presença de instituições que se dedicam a produzir conhecimento sobre temas políticos, econômicos ou científicos, os think tanks independentes, e ao medo dos russos em criticar o Kremlin mesmo em pesquisas legítimas.
No entanto, segundo a organização não-governamental de pesquisas, Levada Center, Putin desfruta de uma forte aprovação, com índices superiores a 80%. A invasão da Ucrânia fortaleceu sua imagem nacionalista e manteve amplo apoio, mesmo durante momentos de vacilação na campanha russa em 2023.
A segurança nacional é a principal preocupação dos russos, com o apoio à invasão da Ucrânia permanecendo alto, apesar das preocupações econômicas, incluindo inflação e aumento nos preços dos alimentos. No entanto, há uma crescente apatia em relação às eleições, pois a maioria dos russos nunca viu uma transferência democrática de poder entre partidos rivais. Embora haja um aumento no descontentamento contra Putin, ele busca eliminar a liderança da oposição para manter esse descontentamento desorganizado antes das futuras eleições.
Concorrentes
Os candidatos às eleições russas são rigidamente controlados pela Comissão Eleitoral Central, favorecendo Putin e reduzindo as chances de um candidato da oposição. Nikolay Kharitonov representa o Partido Comunista, enquanto Leonid Slutsky e Vladislav Davankov, ambos da Duma, também concorrem, sendo todos considerados pró-Kremlin. No entanto, nenhum candidato se opõe à guerra de Putin na Ucrânia, com figuras antiguerra como Boris Nadezhdin e Yekaterina Duntsova sendo impedidos de concorrer. As eleições são vistas como uma ferramenta de propaganda para consolidar o apoio a Putin, com críticos como Leonid Volkov sendo alvo de ataques, supostamente organizados pela Rússia.
Controvérsia
As eleições na Rússia não são consideradas livres nem justas, servindo principalmente para prolongar o mandato de Putin, segundo observadores independentes dentro e fora do país. As campanhas bem-sucedidas de Putin são atribuídas a tratamento preferencial da mídia, abusos de mandato e irregularidades durante a contagem dos votos, de acordo com a organização sem fins lucrativos de Whashington DC, Freedom House. A máquina de propaganda do Kremlin direciona os eleitores com material pró-Putin, enquanto sites de notícias fora da Rússia são frequentemente bloqueados. Os protestos são fortemente restringidos, tornando a expressão pública da oposição perigosa e rara. Candidatos da oposição frequentemente têm suas candidaturas retiradas ou são impedidos de concorrer, enfrentando processos criminais forjados e assédio administrativo.
Alexey Navalny
A morte de Alexey Navalny, um crítico proeminente de Putin, destacou o controle do líder russo sobre a política interna. Sua última aparição judicial antes de morrer foi um apelo para votar contra Putin. Sua morte lançou uma sombra sobre a campanha, com sua viúva, Yulia Navalnaya, instando a União Europeia a não reconhecer as eleições. O funeral de Navalny em Moscou atraiu milhares, apesar das ameaças de detenção. Navalnaya pediu aos russos que protestassem comparecendo ao meio-dia do último dia das eleições e sugeriu opções como votar em qualquer candidato exceto Putin ou escrever o nome de Navalny nas cédulas.