Trump: após eleição, dólar dispara e bitcoin atinge recorde

O resultado gera expectativas de políticas econômicas para favorecer a produção interna, o que fez o mercado financeiro reagir

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos gerou ondas de impacto nos mercados globais, refletindo nas moedas, taxas de juros e ativos digitais. A expectativa de políticas econômicas protecionistas para favorecer a produção interna dos EUA impulsionou o dólar e fez o mercado financeiro recalibrar suas projeções para os juros americanos.

Dólar e juros em alta

Ontem, quarta-feira (06), após a confirmação da vitória de Trump, o dólar se valorizou de maneira significativa frente a outras moedas. O índice DXY, que compara o dólar com uma cesta de moedas importantes como o euro e a libra esterlina, subiu cerca de 2%, refletindo o fortalecimento da moeda americana no cenário internacional. No Brasil, o dólar alcançou uma alta de 0,63%, sendo cotado a R$ 5,78 pela manhã, com uma máxima de R$ 5,86.

Além da valorização do dólar, os juros futuros dos EUA também mostraram elevação. O rendimento dos títulos do Tesouro americano, especialmente o de 10 anos, atingiu o maior nível em quatro meses, subindo para 4,47%. Essa alta representa um reflexo das expectativas de que o Federal Reserve (Fed) manterá os juros elevados no médio prazo para controlar a inflação interna, que pode aumentar com as políticas de Trump, conhecidas por sua tendência a impor tarifas e proteger o mercado doméstico.

Impacto no Brasil e mercados emergentes

A política protecionista do governo Trump pode afetar as exportações de países como o Brasil, que tem os EUA como um dos principais destinos de seus produtos. Além disso, com menos dólares entrando no país devido à possível retração no comércio internacional, o real e outras moedas emergentes podem enfraquecer ainda mais. Esse cenário adiciona pressão ao ambiente fiscal brasileiro, em que o déficit público e a falta de um pacote fiscal imediato têm preocupado investidores. Caso a equipe econômica do governo brasileiro não implemente cortes de gastos consistentes, é provável que o real continue desvalorizado, reforçando o movimento de alta do dólar.

Bitcoin e criptomoedas

Um dos reflexos mais interessantes da vitória de Trump foi observado no mercado de criptomoedas, com o bitcoin atingindo um novo recorde. Às 08 horas, o bitcoin subia cerca de 6,50%, cotado a US$ 73.863, chegando, em seu ponto máximo, a ultrapassar os US$ 75 mil. No Brasil, a valorização foi ainda mais acentuada, com a moeda sendo vendida próxima de R$ 443 mil.

O entusiasmo dos investidores com as criptomoedas pode ser explicado pelo posicionamento recente de Trump, que, durante sua campanha, sinalizou apoio ao setor, prometendo que as criptomoedas teriam um papel importante em sua administração. Essa postura favorável marca uma mudança, já que, em 2019, Trump se posicionava contra o bitcoin, afirmando que criptomoedas “não são dinheiro” e que facilitam atividades ilícitas. No entanto, o cenário político e econômico em transformação nos EUA, onde o perfil dos eleitores inclui uma base crescente de investidores em criptoativos, pode ter incentivado Trump a adaptar seu discurso.